domingo, 17 de julho de 2011

Descobrir-se

 Você já buscou a solidão? Voluntariamente, já foi em busca de estar sozinho, sem que sempre tivesse alguém de teu convívio preocupado com teus passos?
A maneira como tratamos a solidão é injusta e medrosa, na imensa maioria das vezes. Solidão, por maior que seja a carga advinda do nome, não precisa ser eterna ou significar exílio, tampouco falta de companhia – essa também me assusta. Solidão pode ser uma opção momentânea, uma forma de encontrarmos conosco.
Particularmente, é sozinho que eu conheço a mim mesmo. Que consigo estudar a minha própria companhia. Discernir o que eu penso ao analisar um casal formado por um oriental de cabelos despreocupados com alinhamento e uma negra de cabelos cujas formas representam toda a sua atitude. Se sorrio ou perco a paciência quando uma criança se agacha abruptamente diante de mim pra descobrir que aprendeu a amarrar o próprio cadarço. Ou como julgaria um casal que não faz nada além de se beijar o tempo inteiro, explicitando aos olhos curiosos toda a sua paixão mútua. Sozinho eu tenho tempo de olhar para os outros e me descobrir com isso. De entender a maneira como a falta de um comentário pode ser bem mais completa do que centenas deles.
É quando estamos na companhia duvidosa da solidão que podemos descobrir o valor da nossa própria companhia.
Se nem nós mesmos conseguirmos conviver conosco, imagina quem o faz por pura necessidade.