segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Maré

Nunca se sabe o que a maré pode trazer
Mas pra que saber?
Mergulha fundo na reviravolta desses atos
Mesmo que a maré não seja mar
Pra confrontar expressões dessa realidade
Única e contraditória
Que reprime sob varias formas
Que mata com caráter de classe
Dotada de caráter de cor
Da pele e da bandeira política
Vermelha como os olhos marejados
E o chão com sangue da luta
Preto como os ancestrais
E como o chumbo a perfurar a pele de toda a cor

A mare há de se levantar
E nos brindar com sua revolta
Como que fogo pelas ruas ateado
Como que onda a invadir o calçadão das vaidades
De gente feliz pelo consumo alienado
Que ignora ser parte da barbárie
Que adora vomitar a sua parte da verdade

Quando vir maré, mergulha
Que maré é movimento do incomodado e do incômodo
É resultado do que vimos fazendo ao longo do tempo
Mergulha bem fundo
Pq quem o faz se junta e não navega
A mercê do vento
Entregue ao lamento ou contento
Mergulha, pq maré alta inunda
Mas não impede de ver
E não poupa quem nada
Nada faz
Nada viu
Nada sabe
Nada
Trabalho na origem do nome é tortura
e a essa altura me pergunto se mudou
entre a essência e a aparência, o oprimido é opressor
os sujeitos e os corpos permanecem a viver a dor
Perdoa-me se teu trabalho é emprego e o patrão empregador
E de outras formas e se expressam as marcas e cicatrizes do labor
Ainda assim a tortura é inerente e você não se isenta
Se enxerga o mundo sabe
mesmo que não te assole perceber um sofredor
Induzido a acreditar que o mundo é isso que a vida lhe aparenta
Que alimenta o fetichismo do consumo alienado
inundado de uma lógica que formata a consciência
perdoa-me denunciar a tua inocência

ou na inocência acreditar que pra você faz diferença