terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ler ou não ler

Caro pensador visitante, devo desculpas pelo abandono dos últimos meses. Mas outras vertentes da minha vida precisaram de dedicação enorme.
Prometer não é o caminho, mas aos poucos loucos que ainda passam por aqui em busca de alguma atualização, afirmo que a tentativa será de manter, a partir de hoje, duas atualizações por semana - uma terça e outra sábado. Talvez um texto livre terça e um conto sábado.
Pra começar bem, vamos ao texto desta terça... Que pensemos sempre por aqui!

Ler ou não ler

Uma infância rodeada de peripécias, molecagens, álbuns de figurinhas e desenhos animados. Nenhum livro me encantou antes dos dezesseis. Eu não sou filho de professores que têm respeito no meio acadêmico, escritores de lindos artigos e livros que fariam brilhar os olhos de um leitor. Normal como boa parte das pessoas, ou não. Tinha audácia e opinião suficientes para dizer que ler é um saco, uma perda de tempo. Um tempo precioso que poderia estar sendo gasto com coisas mais interessantes como parar na frente da escola e ficar olhando outras pessoas passarem.
Mas então vem o primeiro livro. E por um motivo desconhecido, a gente lê em tempo recorde. Outros o acompanham, preenchendo a sua leitura cotidiana com algo além de revistas de fofoca e capa de jornal na parte lateral de alguma banca. Quando percebemos, não nos preparamos para sair de casa sem o bendito na mochila. Depois, saímos de casa para lugares tranqüilos só para darmos atenção a eles, aos livros.
Considerando as preferências e afinidades de cada um – tem os que gostem dos Best-Sellers, os que prefiram as ficções adolescentes, os policiais, suspense, drama, religiosos, auto-ajuda, e por aí vai. Mas ler parece ser tão contagiante, que basta darmos o primeiro passo em direção ao livro que nos agrada para não pararmos de virar página atrás de página, ansiosos pela próxima parte em que riremos sozinhos sob olhares desconfiados dos que nos circundam.
Ler é abrir caminho para sua imaginação, sempre permitindo que crie à sua maneira algum detalhe que até o escritor mais criterioso sempre esquece. Ler me livra do sedentarismo mental, me isenta da ignorância estática de assistir televisão todo dia e toda hora. Ler exercita meus pensamentos, aflora a vontade de exteriorizá-los, me tira da prisão do mundo e me lança sobre a liberdade da criatividade.
Se é questão de gosto, ler ou não ler, alguém soube temperar meu prato depois de alguns anos de aversão ao hábito. Se é questão de paciência, confesso que não sou o mais sereno dos homens, mas tolero mais facilmente momentos de páginas numeradas e repletas e pensamentos e arte do que a hostilidade e o egoísmo do lado de fora da janela.

Norhan Sumar