quinta-feira, 29 de junho de 2023

Mil vezes sucessivas

Eu não quero correr o risco 
de não parecer suficiente 

entre tanta juventude 

talhada e esculpida 

Entre essa rotina insana

que não se encaixa com a minha


Eu não quero abafar o riso 

de alguém que vem contente 

entre tanta atitude 

de vigor e vida 

Entre a minha insegurança 

que até então não existia 


Eu não quero regravar o disco

Rígido como quem mente 

entre tanta plenitude 

disfarçando uma saída 

Entre dores e arrogância

forjo uma postura fria


Eu só quero o seu sorriso

entre defeitos e virtudes

ser seu mel, sua comida

Do seu corpo a abundância 

mil vezes sucessivas 

Relances

Tenho vivido de romances 
de inícios incontáveis 

Nuances de vida a dois

sem ter de dividir o copo 

e a conta de luz

sem almoço de domingo 

os silêncios indecifráveis

brigar e reatar depois

fingindo que eu importo



Tenho vivido de relances 

de passos instáveis 

derrubando quem se dispôs

a dividir comigo meu corpo

e quem seduz

sem emoção ou perigo 

procurando miragens

onde o sentimento se foi

e o prazer são os caminhos tortos



                                          Norhan Sumar