sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Criando paixões, inventando amores

Logo ao entrar eu me deparo com um lago enorme - com proporções semelhantes a vinte ou trinta campos de futebol - as pessoas aqui andam de bicicleta, patins, skates, a pé, ou nem andam. Algumas se limitam (não que isso seja de fato um limitação) apenas a sentarem-se e apreciarem suas companhias e a cena privilegiada de comunhão salutar entre natureza e animal (incluindo-nos, é claro).
Caminho de vagar, observando cada passo meu e cada gesto alheio. Meus olhos parecem um pouco perdidos e pouco entrosados com meus anseios. Mas eu os compreendo. Afinal, que miscelânea de maravilhas!
As arvores parecem disputar entre si a que será mais esguia e bela; as aves parecem ter ensaiado uma coreografia por meses; a água do lago parece ter se ajustado à flora para favorecer o contraste; as pessoas, por sua vez, não fazem feio e tratam de ser tão belas em gestos que chego a me sentir deslocado e me pego olhando pra mim mesmo a comprovar se estou desfigurando esse paraíso.
Após cinquenta metros de caminhada - apenas cinquenta metros e eu poderia ir embora satisfeito - eu me deparo com algo no mínimo curioso e sento-me perto para descobrir o final da cena - chamo para minha companhia Fernando Sabino e Mário de Andrade que estavam em baixo do meu braço por todo esse tempo. Quatro meninas, lindas por sinal, na companhia de uma cachorrinha (que foi a única a caminhar os quinze metros que nos seperava para dar as boas-vindas) amarravam uma espécie de corda entre duas árvores. Isso me fez pensar desde uma rede até uma cabana de camping (se é que era permitido), mas nunca em um palco para prática de arte circense. Pois é, aquelas interessantes meninas andavam por sobre a corda e ainda conseguiam arrumar concentração para se fazerem belas.
Foi quando, movido por impulso ou atração involuntária, me levantei e fui até elas:
"Posso tirar uma foto de vocês?" Perguntei, deixando as quatro com a mesma feição de curiosidade e surpresa. "Ai, que vergonha!" Respondeu a artista do momento, em seguida consentindo permissão com um gesto que conciliava tremendo charme e alguma timidez.
Eu assim o fiz: fotografei o momento e sem trocar mais nenhuma palavra com as artistas do parque ofereci a câmera para que elas vissem o resultado daquela peripécia. Agradeci e me retirei.
Que tolo! Eu poderia ter conversado com elas. Elas são de fato interessantes! Eu permaneço olhando de longe, apreciando cada gesto de sutileza feminina associado ao charme dos movimentos artísticos. Mas Mário de Andrede e Fernanado Sabino estavam juntos dentro daquele livro, e são além de convincentes, muito convidativos. Eu mergulho nas páginas do livro, sentado sobre a grama fresca, com as costas apoiadas numa das belas árvores e quando encontro novamente a paisagem que me circunda eu noto que elas estão partindo e também me observando. Meu corpo pega fogo, começando pelos pés e subindo lentamente até esquentarem rapidamente meu rosto. Eu as observo partir, da mesma forma que elas observam a minha imobilidade.
Talvez eu estivesse apaixonado... Mas não por elas, pelo momento. Por aquele lugar de sol fresco e harmonia perfeita entre cores e sons. Olhei para os lados e percebi a presença do amor entre os vários casais presentes. Que contagioso esse sentimento! Voltarei na próxima semana para me apaixonar novamente, mas não só pelo parque, também por elas... pelas quatro, talvez por uma delas... Ou mesmo por outras. Afinal, adoramos mesmo um amor inventado.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

O ódio do amor


Trilha sugerida para leitura

Tudo que fiz foi por amar você. Mas você não percebia não se importava” nesse momento uma lágrima deixou um de seus olhos e contornou a maçã de seu rosto como se estivesse tentando ser suave com ele. Ventava muito naquela noite, mas nenhuma nuvem apareceu para testemunhar suas palavras. Não havia ninguém nos arredores capaz de ouvi-lo a não ser ela. Um silêncio noturno trôpego, interrompido apenas pelos animais que os faziam companhia, foi a única resposta que ele obteve. Diante do silêncio dela, cortado agora pelo assobio de mais uma rajada de vento, ele fora remetido por suas memórias à momentos outros:
            Ele agora podia vê-la de pé ao seu lado, dentro de um vestido branco longo, com detalhes em dourado e uma tiara que surgia de dentro de seus lindos cabelos loiros e a faziam parecer uma princesa. Ele trajava um elegante fraque, com uma gravata borboleta que parecia ter sido desenhada em sua camisa branca. Eles sorriam felizes e amáveis, assim como as cerca de duzentas pessoas que assistiam sentados aquela cerimônia.
            Tudo escureceu e agora ele estava caminhando sobre pedras milimetricamente encaixadas, cercado por uma grama tão verde que parecia ter sido pintada á mão. Era sua casa, como era linda sua casa - Era o que pensava ao fitar a cena de longe - as luzes apagadas esperavam por ele atrás da porta. Mas bastou abri-la para que num súbito elas se acendessem e ele se deparasse com todos os seus amigos e família. Sua primeira festa surpresa. Foi recebido à porta por uma linda mulher, de traços delicados, sorriso sereno e cabelos loiros em dois tons, presos em um pequeno rabo de cavalo que preservava parte dele solto até as costas. Ele a viu beijá-lo de forma apaixonada e pode ler seus lábios charmosamente corados com um batom discreto dizendo "eu te amo, querido! Parabéns!" Sentiu então seu coração secar, como se todo seu sangue estivesse evitando aquele lugar obscuro e gélido. Seus olhos fecharam novamente.
            Ele estava em um lindo quarto agora, podia ver um homem de feições enraivecidas, bravejando de maneira veemente impropérios ininterruptos.
“Você vai devolver essa merda de cama e essa porra de televisão.” Dizia aos gritos.
”Mas querido, sou vice-presidente da empresa. É uma vitória nossa...” As palavras saiam relutantes de sua boca, como se enfrentassem uma resistência armada na altura da garganta. Ao contrário das lágrimas, que pareciam as águas de um rio a rumar para o mar.
“Então porque você é a bem-sucedida aqui significa que tenha que me esfregar isso na cara?” Apontava para a televisão com uma ira irreconhecível no olhar.
            As imagens embaçaram e perderam forma lentamente, até que ele pudesse ver um homem chorando ao contemplar aquele mesmo ambiente, agora com a televisão totalmente destruída, com cacos espalhados por todo o quarto.
            “Eu a amo tanto! Por que ela tem que ser assim? Tão egoísta. Ela é egoísta... Ela faz isso pra me humilhar. Ela não pode fazer isso comigo.” Repetia ele, tão baixo que mais parecia uma espécie de resmungo sem nexo.
            Ao olhar aquele homem, aquela parte dele mesmo, sentiu-se como se estivesse caindo de um abismo. Seus pés não pareciam tocar o chão. O peso de seu corpo recaiu sobre seus tornozelos com tamanha força que o fez ajoelhar aos prantos. Ele era o egoísta, ele não percebera o quanto era amado. Não ela. Ela se dedicava à sua maneira; preocupava-se à sua maneira, feminina e insaciável como a maioria das mulheres; o amava intensamente em gestos. Mas sua dúvida, insegurança, egoísmo, não o permitiram retribuir esse amor. Não o permitiram sequer notar esse amor e suas proporções.
            Ele sentiu como se suas pernas estivessem enterradas no chão, ficou imóvel sentindo apenas o peso do vento a secar suas lágrimas.
            Abriu novamente os olhos e agora estava caminhando pelas lembranças de um casal cuja mulher era linda, amável, dedicada e o homem era tão insensível e egoísta que não percebera. Ele agora a tinha nos braços. Caminhava lentamente por uma estrada de terra cercada de árvores tão altas que não se podia ver suas folhas mais altas naquela escuridão. O vento parecia colocar as mãos em seu peito e rosto, forçando-o ao regresso. Mas ele ignorava. Não chorava ainda, estava inerte, inclusive à mulher loira, angelicalmente linda em seus braços, de vestido verde com um tecido fino, estampado por sangue em quase toda sua extensão. Ele a colocou no chão, observado de longe por ele mesmo. Estava morta, ele havia matado a pessoa que mais queria bem. Por egoísmo, inveja, ciúme, amor, matou a mulher que tanto o amava.
            A lua brilhava grande no céu. Uma maestrina de garbo para as estrelas inúmeras e o coral da fauna que circundava a cena. E agora ele se sentia covarde por querer viver. Sentia-se vazio, sombrio e envergonhado.
            Foi quando ele viu escorregar uma lágrima de um dos olhos daquele homem.
“Tudo que fiz foi por amar você. Mas você não percebia, não se importava...”
Por Norhan Sumar

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nortinamentesulino-centrosudestino

          Passada a primeira semana, superado o primeiro choro incessante após as palavras no telefone da criança amada que fora deixada para trás, visitados os primeiros e lindos lugares na companhia do mais novo amigo. Nesse breve período de novas experiências, percebi, de fato, que o que mais importa não são os lugares em que estamos ou que estão em nós, mas importa muito as pessoas que nos cercam e querem bem.
        Recém chegado em solos estranhos, como contei há pouco, ainda me esforço para adaptar ao que me parece uma cultura digna de outra nação. Sorte minha - ou não (já explico isso) tenho sido muito bem auxiliado por um nobre morador, vizinho de quarto da república que agora chamo de lar. O surpreendente é que esse morador não é curitibano. Na verdade é difícil dizer o que ele é. Nascido no Pará, vivido no Ceará, trabalhado por São Paulo, escolado no Paraná e andado por Maceió, ele é mais novo que meus vinte e três anos, mas carrega histórias tantas que fazem dos momentos vividos em sua companhia imensamente divertidos e proporcionalmente interessantes. Ademais, carrega uma generosidade intrínseca, prestatividade capaz de abrir as portas de seu quarto à um estranho e ceder a cadeira de seu nobre computador para as atualizações que vocês têm lido nos últimos dias - além de sugerir (experiência adquirida em seu blog) a maioria das mudanças estéticas e inovações que tem apresentado o "Pensou, tá falado!" nos últimos dias.
            A possível má sorte, citada no parágrafo anterior, se dá ao fato do mais novo amigo, e mais próximo de mim no momento, estar sendo consumido pelo seu espírito andarilho que o fez ser um nordestinosulista-centrosudestino, impulsionando-o para o retorno ao nordeste do Brasil. Desta vez para Fortaleza. Me parece que já perdi para distância a companhia do meu primeiro amigo feito em terras sulistas.
            Talvez, se eu me esforçar um pouco, atenuo meu egoísmo e até fique feliz por ele. Conservarei as lembranças de um cearense (escolhi o Ceará) bem humorado, amigo, companheiro, competente no trabalho (é o que dizem por aqui... mas eu acredito), cuja solicitude me permitiu tanto uma apresentação da cidade digna de guia turístico - que se perdia quase sempre, mas principalmente digna de um amigo próximo, rendendo algumas cervejas em lugares lindos (com mulheres lindas em igual proporção) como o Largo da Ordem.
               Do cearense que gosta de livros (embora seja réu confesso em não entender boa parte das palavras usadas nestes textos), contos e filmes de terror, ex-metaleiro, interessado em bons livros e filmes, solícito aos extremos, ficarão algumas recordações materializadas em doações feitas ao amigo aqui. Além disso, ficou um compromisso de devolve-lo tais utensílios daqui a um ou dois anos lá no nordeste do país. Talvez eu escreva bastante sobre a capital das tribos do sul do Brasil. Talvez eu sinta o peso da ausência do meu novo amigo. Mas talvez ele tenha surgido aqui (e na minha vida) para definir a próxima parada do bem-aventurado daqui a um ano: Fortaleza-CE. Nos vemos nas praias... Boa viagem, amigo!


domingo, 12 de dezembro de 2010

O amante insensível

Trilha sugerida para esta leitura:


Eram cachos milimetricamente moldados, um rosto com traços de menina desafiadora, cuja inteligência emanava de cada sorriso dado por ela. Ele, por sua vez, já havia notado, já conhecia seus passos de charme e seus sambas de outros carnavais. Ele não sambava tão bem, nem mesmo dotava características dignas – a seu ver - de serem lembradas por ela. Arriscou, por vezes, uma aproximação atípica, hora tímida demais, outrora demasiada indiscreta. Como é de se imaginar, nada funcionou com aquela que era dona da beleza mais instigante e intrigante vista pelo rapaz. Os anos consumiram suas adolescências e os caminhos conduziram seus passos em direções opostas.
Fotografia de Finomaxpictures
Muitos temores, inúmeros amores, intempéries e perdas escreveram duas histórias diferentes, com alguns pontos em comum. Ele já não lembrava mais da menina que o fazia inspirar e transcrever em versos suas mágoas do amor não correspondido. Ela, que nunca pensara nele da mesma forma, talvez, com alguma sorte, até lembrasse seu nome. Mas eis que, em meio a multidões e carnavais, seus olhares se cruzaram novamente. Não houve samba mal sambado que o fizesse frear aquela ânsia pelo tropismo entre os dois. Para surpresa de todos, ele aprendera a sambar, ele sabia o que dizer sem ser tímido ou indiscreto. Ele dotava, finalmente, de traços que o fizesse notável, quiçá “lembrável”. Mas ela também caminhara na direção do novo. O olhar feminino mais penetrante, acompanhado daquele mesmo sorriso, agora travestido com a segurança e independência de uma mulher, permaneciam a deixá-lo em desvantagem.
Ele descobrira que outros sambaram melhor e antes dele, que seus passos não eram suficientemente convincentes para uma dança a dois. Ele percebeu que toda aquela sensibilidade e capacidade de entendê-la, de transcrevê-la, de senti-la, de nada adiantavam. Conheceu a maior perversidade do amor: as pessoas que aspiram por amores dolorosos e difíceis. E por ser generoso e sensível, aprendeu, e tornou-se o mais insensível dos amantes.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Solos estranhos

            Há dois dias na tão desejada Curitiba... Tal como a maioria dos seres humanos (incapazes de vivenciar a felicidade plena), já encontrei motivos consideráveis ao redor para frear toda aquela ansiedade juvenil que alimentou meus anseios antes de ver do alto o maracanã.
            Seja pelo sol - tão discreto - que dá o ar de sua graça como se estivesse desbravando um lugar estranho; pela estrutura - tão européia - que me faz pensar como se existisse um oceano entre mim e o Rio de Janeiro; pelas inúmeras desistências - tão convincentes - que não massageiam muito a auto-estima de um recém-chegado; ou pela saudade de um calor humano que me permita alguns sorrisos gratuitos pelas ruas da cidade maravilhosa. Por essas e outras eu me abalo, me calo, escalo as montanhas da motivação atrás de ventos de ânimo que me soprem na direção correta.
            Na verdade, Curitiba te abraça - não que seus habitantes o façam - não à um recém-chegado, principalmente oriundo do Rio de Janeiro. Mas a cidade, essa sim te recebe de braços abertos mesmo sem um Cristo Redentor. Ademais, perdoem-me as curitibanas, mas ainda estou a espera de me surpreender com a beleza feminina que fora tão mencionada e referida por visitantes de outrora. Em contrapartida, insisto em acreditar que meu Rio de Janeiro faria uma bela disputa, de igual pra igual.
            Em busca dessa beleza, arquitetônica e feminina, que me fizeram desembarcar nestes solos, continuarei a minha exploração. Procurando ser imparcial e discreto, pois o oposto disso seria carioca demais pra ser aceito.
Por Norhan Sumar

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Que vá a despedida, que venha a saudade

A despedida parece atenuar os defeitos alheios. Tudo que se vê, em qualquer que seja a despedida, são as virtudes ganhando forma e se multiplicando de maneira a lacrimejar os olhos se remoendo pela culpa de ter de partir.
Essa nossa sensibilidade generosa nos faz “imacular” as mais enegrecidas figuras. A despedida é capaz de nos fazer salientar e enaltecer traços que nem apareceriam no baú da personalidade de algumas pessoas caso colocássemos lá dentro todo o resto.
Diante da hora de partir, os relacionamentos parecem estar em sua melhor fase, os amigos parecem precisar mais de você do que nunca antes, as pessoas e os momentos passam a ser muito mais completos e vastos – talvez pra compensar involuntariamente o vácuo que será trazido pela saudade -, você percebe mais os que te circundam e se sente muito mais percebido, você até passa a gostar daquele lugar que sempre teve vontade de abandonar.
Seja pelo rompimento das suas raízes, pela morte, pelo término do relacionamento (de todo tipo), pela abnegação voluntária ou por uma simples vontade de desprender-se, a despedida é dotada de uma generosidade ímpar, por vezes cruel. Ela, cuidadosamente, reorganiza a fila das suas prioridades e critérios, trazendo para mais perto da sua percepção o que de mais belos há nos momentos e nas pessoas.
A despedida se juntou a mim nesse momento da minha trajetória. Ando lado a lado com sua tristeza e travo embates ávidos por causa da sua forma volátil de ocultar intempéries do caminho. De fato não reclamo de sua presença, caminho olhando pra frente e ironizando a nossa relação inconstante, mas já posso ver a saudade me esperando a algumas esquinas daqui, onde certamente eu vou ser forçado a olhar pra trás. Ela eu sei que é muito mais forte que a despedida, muito mais inconveniente e impiedosa. Quem sairá vitorioso desse meu próximo encontro eu não sei, mas quando eu chegar lá eu conto.    
Por: Norhan Sumar

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Amar virou moda


O comportamento das pessoas tem sido um pouco estranho ultimamente. Percebi então, que uma frase que tempos atrás era guardada a sete chaves até ser dita a uma ou mais pessoas, hoje tem sido banalizada. Não estou querendo dizer que não pode ser dita quando desejamos mesmo porque vivemos rodeados pela liberdade de expressão.
Hoje em dia é comum nos depararmos com a seguinte situação: fulana foi em uma festa e tirou várias fotos com sua melhor roupa e maquiagem (tudo bem parabéns pra ela) realmente é relevante para uma pessoa ir a uma festa, só para tirar fotos e postá-las imediatamente no outro dia para que todos possam ver nos 400 sites de relacionamentos que ela de fato foi! Talvez seja esta uma forma de mostrar a todos “Alô estou aqui pessoal!!!”
Mas após isto percebe-se o seguinte.... os comentários da tal foto (socorro aí vem!)
Comentário 1: “Amiga ficou linda” (claro 3 horas para arrumar somente o cabelo);
Comentário 2: “ Que isso hein tá gata d+”, (aquele cara q não sabe dizer q está afim dela)
Comentário 3: “LiNdOnA AmIgA aRrAsOu!!! Te amo... J” (Por que as pessoas escrevem AsSiM?)
Como assim!? Você só comentou a foto dela... e diz que a ama? Por quê? Você nem gosta tanto dela assim... É neste ponto que eu queria chegar. Acho que a expressão eu te amo deveria ser algo real, sincero e honesto. Algo que um filho diz para os pais quando estes o apóiam numa difícil jornada, quando um homem descobre que ama uma pessoa de todo seu coração e não apenas por uma noite.
“Eu te amo” tem várias conotações, mas creio que a mais importante seja  àquela dita com toda a verdade que há nos sentimentos que realmente temos dentro de nós. E não por simples modismo, mesmo porque o modismo passa e o que fica é a sinceridade entre as pessoas.
Cultive o amor e não influências impostas por outro de forma esdrúxula.
                                                                               Por: Marco Antonio Pereira Dias (Tchê)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ela sabe o que faz, eles o que fazer

Que delícia são os seus encantos. Seus passos auspiciosos, hora amados, hora odiados. Com suas faces e formas fantásticas, capazes de te conduzir dos campos da vivacidade, repletos de saciedade e avidez, à beira dos mais altos abismos de solidão e dor.
Ela tem chegadas sorrateiras, que adentram a sua mente e te trazem à tona lembranças que há tempos estavam guardadas. Mas também sabe exatamente como te fazer esquecer qualquer espécie de pensamento malévolo ou incômodo que o acompanhe sem ser convidado.
Nas mãos de quem sabe como tocá-la, ela pode ser dócil, sutil, impávida, marcante, desprezível, inconveniente, uma ótima companhia ou um mero complemento. Ela sequer pede para entrar, nós que a permitimos. Vez por outra, mal queremos a sua presença, mas parecemos gostar da sensação trazida por essa forma imensurável de beleza.
Bendito seja quem a transforma, quem a faça nascer, quem a arremessa nas nossas almas com tamanha força capaz de tornarem inesquecíveis os momentos que foram vividos em sua companhia, benditos sejam os músicos, que fazem dessa maravilhosa aliada a sua vida, que tocam o nosso coração da maneira que lhe for interessante.
A música é mágica, mais ainda é o músico. Este é capaz de caminhar pelos seus sentimentos, decidindo que sensação irá te trazer no próximo acorde. E aos nada profissionais, que se inundam de prazer ao achar que estão realmente tocando alguma coisa: minhas congratulações! Nada é capaz de substituir o prazer advindo da música, de quem aprecia e de quem a conduz.
Ficam aqui expostas as minhas invejas mais sadias (se isso for possível) e a mais sincera admiração a esses que fazem desse prazer afinado e refinado o tom de suas vidas.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Transcrevendo pensamentos

Inúmeras circunstâncias me levam a escrever. Muitos são os motivos que me fazem inquietar, inspirar, expirar, transpirar, suspirar, conspirar (não, eu não sou santo... e mesmo que fosse), e assim por diante. Tudo isso me leva a pensar e querer ser ouvido. Escrever é a forma aceitável que eu encontro de aquietar a minha mente. Escrever é a maneira mais sutil e igualmente agressiva de se expor e expor alguém. Transcrevendo pensamentos em palavras, eu os guardo em prateleiras que eu só alcanço novamente se quiser.
Segundo Paulo Coelho, “escrever é a forma socialmente aceitável de se despir em público”. E como é de se esperar sempre que você tira a roupa em público, as pessoas perguntam os motivos que te levaram àquela atitude. E quando me perguntam por que eu escrevo, como eu escrevo, para que eu escrevo ou para quem eu escrevo, eu confesso que não sei muito bem a resposta. Não sei bem se escrevo para mim ou para quem lê. Não sei muito bem se o que eu escrevo são opiniões nossas ou somente minhas. A única resposta plausível é que as minhas inquietações pedem para ser transcritas; pedem para ser organizadas de uma forma palpável, ao alcance da minha própria visita para refrescar a memória.
O fato é que: escrever é um hábito de muitos, assim como se despir. Mas nem todos se encorajam ou vêem necessidade em expor a sua nudez. 
Eu quero que essa minha nudez seja vista e ouvida. Quero que minhas inquietações sejam as suas. Que minhas paixões sejam de seu conhecimento. Que minha inspiração te inspire também. Quero pensar e ser ouvido. E quero talvez, movido por uma pretensão descabida, que esse pensamento utilize as palavras para ferir ou curar o âmago do seu ser.
Escrever não deveria ser um privilégio de poucos, mas um benefício de muitos. Não penso que uma forma tão pessoal de expor o próprio pensamento tenha que ser considerada uma prática exclusiva de quem acha que tem um dom. E se você não gosta do que escreve, não se reprima. É difícil encontrar alguém que fique totalmente satisfeito ao tirar a roupa na frente de um espelho.
        Portanto, tire as roupas dos seus pensamentos. Torne-se mais íntimo de si mesmo despindo os próprios anseios e receios. Deixe seu pensamento ditar as palavras como faziam as nossas primeiras professoras. Quem sabe assim, gostando ou não, você resolva expor a sua nudez às críticas.
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domingo, 7 de novembro de 2010

Mulheres (nada pode ser mais abrangente que isso)

No decorrer de mais uma das minhas empreitadas vitais “parcialmente bem-sucedidas”, chego a uma conclusão que pode não ser novidade, mas torna-se muito mais clara para mim agora: as mulheres me fascinam.
Sem saber explicar ao certo os motivos que me impulsionaram a essa nova “experiência”, estabeleci para mim a regra de evitar relacionamentos ou envolvimentos (sejam quais forem) por tempo indeterminado. Ou até quando eu suportasse. Desconhecendo os objetivos desse “projeto”, chamado carinhosamente por uma amiga de “retiro sexual”, não tomei conhecimento tampouco de sua relevância ou justificativa, mergulhei sem mesmo imaginar que tipo de conclusão eu estava procurando.
Em algumas semanas, além da tensão sexual que envolve uma abstenção voluntária, comecei a perceber o quão extraordinário é o ser feminino. Enxerguei detalhes que passariam despercebidos se o interesse sexual estivesse à frente das minhas decisões.
Não pretendo ser hipócrita dizendo que o sexo me desagrada, tampouco faze-los imaginar que a minha orientação sexual esteja mudando. Não, isso ainda não está acontecendo - Pelo contrário. Mas não se tratava de evitar somente o sexo. Tratava-se de postergar o pensamento acerca “disso” no exato momento em que conhecia alguém interessante.
Mas o fato é que cada dia sem o contato físico (sei que vocês entenderam) com uma mulher me fazia encontrar motivos suficientemente relevantes para findar ali mesmo esse “retiro”.
Considerando a diferença existente entre cada um de nós, enxerguei em cada mulher uma miscelânea de qualidades que me fariam por fim num celibato, caso necessário. A maioria delas com tamanha sensibilidade (masculinamente inatingível), algumas com uma delicadeza de flor, outras com a superioridade feminina (que mesmo cheia de insegurança, só faz tentar mostrar-se como um ser forte e capaz), as dotadas do charme que transforma um simples ato de sorrir num excitante convite ao paraíso, a espontaneidade gostosa daquelas dotadas de pouco charme, a capacidade ímpar de manter o controle de várias situações ao mesmo tempo (isso me impressiona e assusta), a preocupação eterna com sua própria beleza e aparência (não me venha com essa de que elas se vestem para as outras mulheres... basta os homens passarem a se preocupar mais com isso), e as poses ao mexer nos cabelos? Ah, isso é mágico! Elas sabem exatamente o que fazer para tirar qualquer celibatário do sério.
A confirmar a metáfora bíblica, a mulher veio sim depois do homem, provando ser a evolução desse ser dotado de pouca sensibilidade, que usa a força como justificativa para assegurar uma superioridade desesperada. E como pertinentemente a minha amiga fotógrafa lembraria as palavras de Oscar Wilde:  "A história das mulheres é a história da pior forma de tirania que o mundo já conheceu: a tirania do fraco sobre o forte" 
Confesso que sou admirador da beleza extraordinária que existe na mulher, nas mulheres. E isso está longe de ser um culto somente a beleza física. Sei também que poderia estender esse texto por páginas e páginas enumerando a superioridade feminina em relação a nós. Mas, pobre do homem que limita a sua admiração a um corpo advindo da beleza superficial de medidas perfeitas. Esses não reconhecem a superioridade feminina e nunca terão a chance de admirá-las com sua complexidade convidativa e sua gama delicada e vasta de qualidades passíveis de exploração e lapidação.
  
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O lembrar salutar

                                                               Foto: Mariana Rocha        

Eu estava a caminho de um daqueles lugares que marcam as nossas infâncias, que representam partes importantes de nossas vidas. Eu já conseguia até mesmo sentir o cheirinho da casa, ouvir a voz da vovó chamando os netos para o café com bolinhos de chuva.  Me emocionei com fato de poder visitar o porão das minhas lembranças e não via a hora de caminhar novamente pelos campos e estradas de barro puro nas quais eu costumava sujar de forma inexplicável as minhas roupas.

Mas quando eu cheguei nada era igual, nada estava no lugar. Nem mesmo a casa da vovó era a mesma, tampouco o pequeno monte que subíamos para trepar em árvores e escorregar na lama estavam ali. Tudo aquilo, aquelas lembranças, se resumiam a homens e máquinas trabalhando incansavelmente na construção de uma rodovia. Trabalhavam num ritmo tão intenso que pareciam ser capazes de terminá-la tão rápido quanto atravessá-la de ponta a ponta com o mais veloz dos carros.
Aquele lugar só poderia, dali em diante,  ser visitado por mim através das minhas memórias, das lembranças que ainda trago daqueles momentos mágicos de felicidade infantil.
E assim é tudo nas nossas vidas. Tudo um dia pode virar lembrança sem aviso prévio. Tudo pode passar para o campo das memórias. As melhores fases de nossas vidas  e as piores também, os nossos entes queridos e assim os mal quistos, as paixões, os desamores, as amizades, as loucuras, os excessos, as faltas, os amores, os amantes, os erros, os acertos, a própria vida. 
Tantas são as lembranças e memórias da vida que muitos vivem somente de lamúrias ou glórias das vivências de outrora. Esses deixam de viver em plenitude o presente, talvez nem vislumbrem algum futuro diferente. Esperam por um futuro estático, morno.  Definir o seu futuro sem abrir espaço para o incerto me soa como limitar as próprias memórias que virão... na verdade, planejar é sadio, mas querer manipular as próprias lembranças vindouras é um tanto quanto obsessivo.
Lembrar pode ser salutar. Eu me permito lembrar os traços que me orgulhavam nas pessoas que não estão mais entre nós (desencarnar, transcender, morrer, falecer, partir dessa para melhor... seja lá como for que você chame isso), pensar no que contribuíram para a formação do meu caráter; lembro dos momentos que me fizeram feliz, e até dos momentos que me fizeram triste, mas me permitiram crescer; as lembranças são puros reflexos da intensidade e do valor que você deu aos momentos vividos. Portanto não deixe de seguir com plenitude e saciedade os caminhos da vida, além de aproximar ao máximo as pessoas que te fazem bem, afinal, ninguém se contenta com lembranças superficiais e desinteressantes provenientes da negligência para com a prória existência. E como disse Virginia Woolf: “Não se pode ter paz evitando a vida.”
Norhan Sumar

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dúvidas bem-vindas

Eu costumo mergulhar nessas dúvidas, me lançar sem medo das seqüelas do tombo. Aliás, nós nunca esperamos o tombo, mesmo sabendo que ele pode realmente acontecer. Eu falo das dúvidas do amor, das paixões desmedidas e enlouquecedoras. Que graça teria um paixão branda, morna, calma? Assim seria melhor a compaixão. Talvez um carinho ou afeto. Mas a paixão, essa é arrebatadora, revolta, cheia de marés que podem nos levar dos corais mais cortantes aos mais belos paraísos tropicais. Por vezes aos dois lugares ao mesmo tempo.
O pior de tudo talvez seja tentar entender a paixão. Tentar lutar contra ela, achando ser o mais corajoso dos cavaleiros. Ela se alimenta das intempéries, cresce cada vez que ousamos freia-la de alguma forma. As paixões são sempre teimosas, quase sempre impossíveis e bem melhores quando são difíceis. Nada melhor do que a realização de estar ao lado de alguém cujo esforço para tal momento foi dos maiores. Quase como um troféu após um dia inteiro de batalhas com as feras do coliseu (troféu, no melhor dos sentidos, é claro!).
Eu adoro as mulheres cheias de dúvidas, cheias de atitudes que nos enchem das mesmas dúvidas, cheias de pretendentes que me fazem querer ser o melhor deles, dotadas de uma independência capaz de nos fazer sentir um complemento em suas vidas e não algo essencial como nós homens gostamos. Essas despertam as dúvidas e os anseios que engrandecem as paixões.
Eu quero o lado incompreensível da paixão, eu quero sentir o coração na boca ao vê-la em minha frente e sentir que estou prestes a infartar quando nos beijamos. Eu quero quantas paixões eu puder ter, quero tê-las e esquece-las, quero que algumas se tornem grandes amores e se renovem em paixões diferentes pela mesma mulher. Quero que algumas se tornem grandes amores e se acabem na compaixão da amizade. Eu quero vivê-las sem medo de estar errado, eu quero estar mesmo errado porque não só os acertos me agradam. Eu quero transformá-las em poesias, transcreve-las em versos, toca-las em músicas, beijá-las em silêncio e, talvez, chorar nas despedidas.   
Norhan Sumar
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Um pouco de poesia

Bonita

Ela é tão bonita de fazer calar
Tão bonita que faz dizer
Quão bonito é se apaixonar
Tão finito isso possa ser

Ela é tão bonita de admirar
A paz bonita do amanhecer
Que mais bonita possa ficar
Se ela habita no seu viver

Ela é bonita de sorriso tanto
Do bonito que se rende amável
A faze-la esquecer do pranto

Ela é bonita de acalento brando
Do bonito que se entrega instável
Ás tormentas de estar amando

Norhan Sumar


Você é poesia


Você me beija a boca

Como quem escreve poesia
Com os lábios a versar em sintonia
Em tom de valsa a tocar em sinfonia
Como se tudo isso fosse coisa pouca

A sua dança emana charme
Como se nada lhe constasse em tal momento
E seu sorriso fosse o único alento
De quem deseja lhe prover o acalento
E lhe trazer o novo amor que acalme

Você me abraça medindo as palavras
Mas seu olhar me sorri inquieto
Condenando o porquê se calavas
Ao sentir que eu estava por perto

Então em música a noite acaba
Em dúvida vem a despedida
Sem saber se os caminhos da estrada
Vão unir novamente essas vidas

Norhan Sumar
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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

As vitrines da superficialidade

Pra falar a verdade, eu já estava incomodado com isso, então confidenciei a uma grande amiga o fato de achar todas as pessoas que eu me envolvia desinteressantes o bastante para eu não querer levar nada a frente. Confesso que não havia falado sobre isso com mais ninguém. Principalmente por concordar com ela ao achar que as minhas exigências deveras limitadoras me distanciavam de qualquer possibilidade de construir uma história com algum ser humano que exista nessa dimensão.
Só para deixar claro: eu estou longe de querer a perfeição. Na verdade, acho a perfeição meio chata, monótona e até utópica. Uma coisa hollywoodiana inalcançável, mas que insistimos em buscar.
E ultimamente os comportamentos se tornaram tão estáticos, superficiais, que se torna difícil até conhecer alguém que você acredita ser interessante. Passados alguns anos em uma juventude de boemia quase desenfreada, acredito que eu tenha “enchatecido” quando analisei as situações de uma forma diferente.
Nas noites de hoje as mulheres parecem estar em uma vitrine, esperando um consumidor com um pagamento (ou argumento, depende da mulher... E do homem também, é claro) capaz de comprar algumas de suas palavras e um pouco de sua atenção. Ou algum corajoso disposto a gastar a verborréia e a persuasão para fazer com que ela fique com ele por alguns instantes ou fique mais valorizada ainda frente às outras concorrentes da “prateleira”.
Não é uma crítica a quem gosta de sair à noite, até porque eu também gosto. Tampouco uma crítica a quem conheceu o amor da sua vida no auge do “batidão” às três da manhã. Todavia, acredito que o flerte, a troca de olhares, as conversas e os momentos para conhecer alguém não precisam ter hora e dia marcados, onde nós nos arrumamos e “vamos á caça” como os homens geralmente fazem. E se você é mulher e sai à noite para dançar, achando que não se comporta dessa forma, acredite: você o faz. Se estiver dançando, quer queira quer não, será um dos produtos da extensa vitrine observada por consumidores ávidos pelo seu desfrute. Mesmo que não esteja “à venda”.
É claro que eu concordo que nós sempre nos comportamos assim, desde que alguém aumentou o som e falou que aquilo era uma festa. Mas as coisas hoje estão deturpadas ou ao menos diferentes demais para minha compreensão. As pessoas vivem o dia-a-dia como se ele não fosse mais importante do que os breves momentos com as luzes piscando na pista de dança. Elas não olham quem está sentado ao lado nas praças, elas sequer sentam nas praças; não percebem que alguém está olhando diferente ou que alguém diferente está olhando; muitas pessoas, sem notar, não se dão ao luxo de flertar nas ruas, até porque isso tem hora e lugar marcados (para elas); alguns outros não tentam manter um diálogo com alguém por mais de 10 minutos durante o dia, embora tenham o melhor dos discursos fotográficos - parece que eles guardam as falas na carteira - para atingir a incrível marca de dezenas de beijos na boca em uma só noite. E isso não é coisa só de adolescente, a não ser que a adolescência dure até os 30 anos e eu não saiba. Por essas e outras eu acredito que esteja tudo diferente. Nós estamos perdendo o hábito de nos relacionarmos naturalmente com as outras pessoas.
Enfim, não que essas pessoas estejam erradas. Afinal, gosto não se discute. Talvez essa seja mais uma de minhas exigências infundadas me servindo de subterfúgio para continuar achando natural não prosseguir em um relacionamento com alguém que pareça mais normal que eu.
Norhan Sumar
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terça-feira, 5 de outubro de 2010

A bela e a Serra

Faz algum tempo que eu a conheci, com sua recepção calorosa e gélida ao mesmo tempo, com seus comportamentos atípicos, com uma dinâmica diferente da que eu conhecia até ali. Mesmo tendo vivido bastante tempo perto dela sem saber, eu fui apresentado a ela nos primeiros anos de uma adolescência fugaz e bem vivida.
            Quando me fora apresentada a Serra Natal, com o clima que convida à noites geladas e manhãs mais geladas ainda, principalmente para um estudante de dez anos, habituado à correria do Rio de Janeiro e aos calores da baixada fluminense, confesso que não morria de amores por ela. Confesso até que essa Serra Natal, antes chamada por mim de Petrópolis, não me conquistava nem mesmo com sua melhor virtude – e que eu nem queria saber qual era.
            Inusitadamente, aquela jangada fadada ao naufrágio em que eu achava estar embarcando, foi ganhando força com seus tripulantes bem educados, onde curiosamente as pessoas que nem me conheciam me desejavam “bom dia” na espera pela condução. Ou que, para minha surpresa, as ruas desse lugar eram limpas de fato; pelo frio cortante da manhã que dava licença ao sol e a um calorzinho aconchegante e acolhedor; pelas caminhadas, rodeadas por prédios e praças que conservam beleza e charmes seculares; pela oportunidade ímpar de andar pela rua na adolescência sem que o fantasma da violência assombrasse demasiadamente os que me educavam. A lista de motivos é imensa e agradável, mas vamos à continuação deste texto.
            Há quem diga que esta não seja terra das oportunidades, tampouco o melhor lugar para um boêmio saciar seus desejos impávidos pela noite. Todavia, há de se considerar os breves cinqüenta minutos que nos separam da capital do estado, com todas as suas oportunidades e seu leque variado de opções para a boemia.
            Sou um defensor ávido das belezas e dos prazeres do Rio de Janeiro, da agitação convidativa, das noites estreladas e do bom-humor intrínseco desse povo que tinha todos os motivos necessários para viver a contragosto e na contramão disso tudo. Mas sou tomado por uma paz interna ao voltar para Serra Natal, uma paz de ver que a loucura e agitação podem acabar em apenas uma hora de viagem; uma paz em sair de casa sem pretensão e encontrar amigos de infância; a paz advinda do clima provinciano, que muitos deturpam dizendo que esse clima está relacionado a mania feia de alguns que cuidam da vida alheia com mais afinco do que cuidam da própria. Esse não é um problema do clima, é um problema do ser humano.
            E foi assim que ela me conquistou: gélida como uma mulher acostumada a ser traída, calorosa como uma mulher apaixonada, receptiva como uma avó que recebe os netos cheia de doces e quitutes, charmosa como uma mulher que está sempre pronta para o mais importante dos encontros, calma como a mais experiente das mulheres, alternativa como uma jovem hippie e, sobretudo, linda como a que faz palpitar o meu coração apaixonado.

Norhan Sumar    
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Tudo e nada

Nada, não é nosso fato isolado
Sempre é tudo que nos assola
Nada que eu faça por ti aflora
Tudo que meu gostar tem passado

Te ver é pouco por tudo que quero
Mas parece muito pra tua vontade
Talvez te amedronte a felicidade
Pra fazer repelir o amor sincero

A minha tolice me faz refém
da bonita de beleza tanta...
e dos erros que não convém

Ainda sim eu não me torturo
quando a vida me sorri às tantas...
não dou passos na solidão, ainda que no escuro.



Norhan Sumar
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O mar de amar

Não se espera mais dessas ondas
que sua força e forma
Não se espera mais desse mar
que sua própria imensidão
Não se espera mais dos homens
que a admiração do infinito...
de incertezas convidativas
Vindas do mar...
Vindas do amar.

Norhan Sumar
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domingo, 26 de setembro de 2010

As ideias de certa vez

Certa vez, convidei uma idéia para entrar na sala de meus pensamentos. Antes que eu mencionasse o café, ela lhe preparou uma boa xícara e começou a arrumar tudo ao redor como lhe convinha. Parecia desconhecer as paredes do super-ego, da vergonha, dos limites e dos próprios pensamentos (acuados pela rotina que os engole).
Logo vieram novas idéias, as suas fiéis companheiras, tão boas quanto a primeira a visitar os campos outrora atrofiados do meu intelecto. E mesmo as deixando à vontade para qualquer visita, poucas são as que assim o fazem. Muitas ainda o farão, desde que as portas da imaginação estejam abertas para o trânsito tão agradável destas ilustres convidadas.
Ter nos estoques e nas despensas de nossa mente um bom alimento para estas nobres visitantes pode nos garantir a prática da crítica, da reflexão, do novo, por que não? Sem a garantia de que só as boas virão. Afinal, más visitas aparecem de vez em quando e nós precisamos saber lidar com elas, seja da forma receptiva ou não.
Pensar de maneira limítrofe a mesmice, beirando a trilha perigosa do rotineiro em excesso, não nos possibilita crescer. Pelo ao menos não em qualidade, somente em quantidade. Mas quem assegura que pensar muito seja pensar bem? Pensar para o bem.
As novas idéias, boas ou ruins, oxigenam os espaços sufocados do pensar. Não que as idéias atropeladas pelo tempo sejam dignas de esquecimento, mesmo porque o advento do novo não nos obriga a esquecer o velho. Mas que os aposentos destinados às velhas idéias sejam constantemente frequentados pela renovação.
Como diria Lya Luft: “pensar é transgredir” e permitir a entrada das idéias em nosso dia-a-dia nos faz progredir, nos possibilita uma nova visão do que nos circunda. Afinal, enxergar o mundo da mesma forma que todos pode ser mera coincidência, mas pensa-lo da mesma forma que todos é pura preguiça.

Norhan Sumar
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terça-feira, 21 de setembro de 2010

O sentimento, o ato e o hiato entre os dois

É de se esperar que esse assunto, quando discutido, seja polêmico. Principalmente quando defendido de um lado por homens e do outro por mulheres. Não é política, tampouco religião, quero novamente abordar os relacionamentos humanos. Como diria a roqueira dos cabelos vermelhos: “amor é divido, sexo é animal.” O que não os tornam somente bons ou ruins.
Esse trecho da música Amor e Sexo, composta por Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor, assim como tantos outros versos desta mesma letra, coloca o amor em uma posição de mais garbo em relação ao sexo. Talvez isso seja apenas a representação do que realmente acontece na sociedade. Embora eu ache o ser humano muito mais animal do que divino. Neste caso, combinando muito mais com sexo do que com amor.
O amor, desde sempre encarado como sentimento, foi transformado em ato. E nos dias atuais as pessoas o “fazem”, ou acham que fazem. O sexo, desde sempre tido como ato promíscuo cuja intimidade necessária para que ele acontecesse era considerável, tornou-se tão difundido na sociedade, que sua prática não é discutida e criticada, mas sim a ausência dela.
Há quem diga que a independência dessas práticas/sentimentos está aquém das nossas vontades e pretensões. Mas há quem diga que exista uma dependência entre as duas coisas que as tornam “vazias” se não vividos conjuntamente. Eu acredito que amor e sexo, se vividos concomitantemente, elevam o relacionamento a um patamar diferenciado. Mas é inegável que possamos amar amigos, família, utensílios, sem que haja sexo nessas relações. Na realidade, o sexo sem amor existe e é muito bom, o sexo com amor é ainda melhor e o amor sem sexo, se não for família ou amizade verdadeira, está a poucos passos da relação sexual. Portanto, cuidado (ou não).
No decorrer de conversas entre amigos, geralmente me parece que o sexo sem a obrigatoriedade de comprometimento com o amor é muito mais satisfatório. Talvez porque ainda haja uma barreira/diferença entre as duas coisas para algumas pessoas (homens). E isso explica a procura incessante, na rua, de um sexo que complete o amor vivido dentro de casa. Mas, no decorrer de conversas entre amigas, geralmente o que mais agrada no momento do coito é o sexo ávido, aguerrido, voraz, conservando os instintos animais contidos em cada um. Isso explica a procura incessante das mulheres por homens que, ao contrário de seus parceiros, não acham que fazer amor seja fazer somente carinho, que quando se ama, o sexo precisa ser delicado e respeitoso. Esse ruído na comunicação entre os casais, advindo do distanciamento entre amor e sexo, acaba fazendo com que relacionamentos caminhem por estradas tortuosas da dúvida, vivendo de conceitos vãos e retrógrados.
Felizmente, em pleno terceiro milênio podemos viver tranquilamente, com as devidas medidas de prevenção, as experiências cinestésicas e prazerosas do sexo sem amor, sem afeto, sem compromisso com quaisquer sentimentos, perpassando pela saciedade dos nossos desejos. Entretanto, se soubermos associar ao nosso sexo o velho romantismo, com direito a paixão, amor e todas as suas variações, viveremos a transa de maneira mais intensa e completa. O que se precisa é aceitar o sexo como uma das várias práticas estabelecidas pelo relacionamento humano, desmistificando a sua existência na ausência do amor, do matrimônio, dos afagos ao âmago do nosso ser, mas o encarando como ato prazeroso, por vezes desagradável, é claro, mas extremamente natural à nossa existência.
           Sendo assim, ficam as dúvidas: como comparar um sentimento como o amor com um ato como sexo? Como estabelecer uma relação de proximidade entre as duas “coisas” sem deixar que cada uma perca sua essência e especificidade? Não sei. Mas, felizmente, hoje em dia, podemos discutir abertamente sobre os dois, sem sermos repelidos pelos moralistas que pareciam não praticar nem um nem outro.

Norhan Sumar
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O namoro que eu não quero

É comum que tenhamos em nossas rodas de amigos, colegas, conhecidos, os seguintes comentários: “mas ela me liga toda hora”, “ele quer saber onde eu estou e nunca acredita quando eu respondo”, “ela é muito ciumenta”, “é só uma cervejinha com os amigos, ela entenderia”, “ele pega no meu pé, eu não posso nem conversar com outro homem”, e por aí vai, uma lista imensa de comentários sobre estes felizes e bem sucedidos relacionamentos.
Sei que escrevendo sobre os relacionamentos humanos, estou susceptível a opiniões diversas, ao encontro ou de encontro ao que aqui exponho. Mas esclareço desde já que não generalizo nunca, não desacredito o sentimento de ninguém e não nego que posso amanhecer namorando alguém por quem acredito estar perdidamente apaixonado após apenas três encontros (como já fiz).
O fato é que, ultimamente, a banalização do namoro tem me deixado um tanto quanto incomodado. E olha que nem precisamos falar da antiga e agora considerada “falida” entidade que chamamos de casamento. Fiquemos no campo do mais simples, do mais palpável para mim, que já namorei e conheço bem as cobranças infundadas e aprofundadas do namoro, que não nos acometem na “solteirice”.
Partindo de um pensamento lógico, o namoro seria um treino para o casamento, um teste de afinidade e confiança, uma prova de convivência que precede anos ao lado de uma mesma pessoa, partilhando de alegrias e tristezas. Certo? Pois é, concordo com isso tudo, mas como disse: precisa-se de “alegrias e tristezas” a serem partilhadas. Só as preocupações, discussões, cobranças, ciúmes e afins, não me satisfazem como combustível para gostar de alguém (mesmo que o sexo seja uma maravilha... Embora seja o suficiente para muitos); as cobranças, se fundamentadas no campo do sentimento, pautadas, quiçá, na insegurança de alguém que te gosta e não quer te perder, beleza. Mas as cobranças corriqueiras, que permeiam TODOS os hábitos e afazeres do pobre coitado, são demais para mim; preocupar-se com alguém não te dá o direito de viver por ele/ela, tampouco de querer impedir que o outro tenha suas próprias experiências. Afinal, um casal representa duas vidas, não uma só; ah, tem o ciúme, o famigerado ciúme. Desse eu gosto! Não, não é loucura de minha parte! Acredito que se “bem dosado” e “cuidadosamente” exposto, ele pode contribuir para “apimentar” a relação. Mas se você o tem de forma doentia, persegue o(a) outro(a) como se fosse a Beyoncé ou o Brad Pitt, acha que TODOS estão olhando na direção dela(e) e que ela(e) retribui a esses olhares. Aí complica. Não penso que seja ruim estar ao lado de alguém que é desejado por outros. Ou então, namoraria a Elza.
Ter um namoro que me permita apenas discussões, fadigas desnecessárias, me afasta dos amigos e da minha própria vida, só me traz problemas que eu não teria se fosse solteiro. Eu não quero, obrigado! Até porque, foi-se o tempo em que tínhamos o hábito frívolo de confiar a apenas uma pessoa a nossa sexualidade e desejo, foi-se o tempo onde ser solteiro era uma "anomia social" que te forçava a “colar” com a primeira criatura que aparecesse. A sociedade moderna, felizmente, não recrimina mais o “solteiro por opção”, ou por falta de opção.
Eu espero não ser dominado pela minha insegurança, pela incapacidade de não ouvir “eu te amo” todos os dias (para isso eu tenho amigos), ou de ter alguém para ligar avisando que cheguei ou avisando que vou a padaria comprar chiclete. Espero não embarcar na nau duvidosa do medo da solidão, pois é com ela que nos descobrimos mais e mais.
Se for para ter um namoro superficial, onde a confiança (o pilar mais importante em qualquer relacionamento entre seres humanos) é quase nula ou não existe; se for para namorar com intuito ter alguém para andar de mãos dadas; namorar por auto-afirmação e vontade de saber que sou bem quisto por alguém, eu prefiro continuar solteiro. Estar solteiro não significa estar sozinho ou mal acompanhado. Significa, no meu ponto de vista, valorizar o namoro como o primeiro passo para uma vida a dois e não uma brincadeira de fingir que gosta de alguém.

Norhan Sumar
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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

As nossas luas

É realmente encantador olhar para o céu e ver que as boas-vindas são dadas por ela. Pois quem nunca se pegou admirando a lua? Quem não se rende às suas formas atraentes de tamanho charme e luz? Quem de nós, vez por outra, não pára e esquece os afazeres a contemplar sua presença entre as estrelas?
A lua e sua beleza, imortalizada por grandes poetas e compositores do Brasil e do mundo, encanta e sempre encantará a grande maioria dos que olham para o céu a sua procura. Mas me surge uma dúvida intrigante nesse momento: Será que alguém lembra, mesmo que sejam os louváveis e bem-sucedidos poetas, que por trás das curvas perfeitas e desenhos milimétricos existe algo/alguém a emprestar parte do que torna tudo isso possível: a luz?
Sem o empréstimo amigável de luz advindo da estrela central do nosso sistema solar, a lua conservaria as suas formas, mas passaria despercebida aos olhos curiosos que rasgam os céus em busca do ar de sua graça.
Por isso me ponho e proponho a escrever este texto, pois acredito que assim seja a nossa vida. Repleta de sol e luas, que de maneira louvável ou não, utilizam da luz alheia para darem formas visíveis às suas características.
Muitas vezes, sem a luz de uma mulher, de um companheiro, não conseguiríamos nos fazer visíveis, nem imponentes o bastante; sem os amigos a nos emprestar luz ou mesmo tomarem emprestadas um pouco da luz que carregamos, não seríamos vistos, quiçá admirados; sem a luz trazida pela família, que como o sol, nos doa luz sem necessidade de contrapartida, sem obrigatoriedade de devolução, não seríamos fortes a ponto de nos fazermos refletir na menor das poças.
Cabe-nos então, posicionarmos essas fontes de luz de maneira a nos favorecer. Podemos ser luas novas, e sermos vistos em raros momentos; podemos deixar que vejam pouco de nós, como as luas minguante e crescente; ou talvez façamos como a lua cheia e deixemos que nos admirem por inteiro, com nossas formas a mostra, dando nossa cara à tapa e nossas atitudes à crítica. O que realmente importa é que saibamos que sozinhos, podemos ser uma lua sem o sol, esquecida num espaço muito maior do que possamos imaginar, sem sermos vistos e admirados, sem sermos lembrados ou criticados. E, se esta for a nossa opção, o seja a nossa opç admirados, sem sermos lembrados ou criticados, e desde que essa no maior do que possamos imaginar, do nossa tenhamos sabedoria para manter na distância correta as nossas melhores fontes de luz.

Norhan Sumar
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Elas, flores, elas espinhos...

Nós mulheres, somos puro aroma de flor, dotadas de espinhos, nos quais os homens não sabem como tocar. No final, eles sairão sangrando... E nós apenas sujas com seu próprio sangue...." 

Belas como uma dama de vestido vermelho...

Por: Bonitos...
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