terça-feira, 15 de outubro de 2013

Pagando com insanidade

E se hoje eu ficar maluco beleza?
Ignorar seu olhar de aspereza
subir na mesa e dançar sobre a tua sopa
tirar o doce da tua boca
dar pra quem tem fome e acabar com a bagunça
com o sofrimento, as lamúrias e com a própria loucura
impregnada no âmago do sistema que você mantém
entre luxúrias, trabalhos, rivotris e améns
te prender num hospício que você construiu
afrontar a tua insanidade crônica e vil
Mas pensando bem, como louco, o que faço a teus filhos?
aqueles que reproduzem teus preceitos sem pensar nos alijados
os trato como loucos e esterilizo um a um
camisas de força, choque, nudez obrigatória de valores forjados
talvez algo de tortura pra confessar
o crime da miséria que eles têm ignorado
Ou quiçá eu não seja tão radical
 e apenas imponha algumas regras de rotina laboral
Quem sabe não lhes enobreça as 44 horas de trabalho semanal
o patrão, salário mínimo, barreiras de acesso e opressão
trabalho com a mão na massa e os pés no chão
o que será que diriam de mim?
e se me disseres que sou louco por pensar assim

respondo que o louco é quem me diz que sem pensar está feliz

Inocência

Trabalho na origem do nome é tortura
e a essa altura me pergunto se mudou
entre a essência e a aparência, o oprimido é opressor
os sujeitos e os corpos permanecem a viver a dor
Perdoa-me se teu trabalho é emprego e o patrão empregador
E de outras formas e se expressam as marcas e cicatrizes do labor
Ainda assim a tortura é inerente e você não se isenta
Se enxerga o mundo sabe
mesmo que não te assole perceber um sofredor
Induzido a acreditar que o mundo é isso que a vida lhe aparenta
Que alimenta o fetichismo do consumo alienado
inundado de uma lógica que formata a consciência
perdoa-me denunciar a tua inocência

ou na inocência acreditar que pra você faz diferença