quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Não deu tempo

Não deu tempo de ser eu
de romper com minhas barreiras 

revelar minhas fraquezas 

e agir naturalmente 


Não deu tempo de ser seu

de brincar da sua maneira 

E até o bom dia, com certeza 

seria diferente 


Não deu tempo de ser eu

de poder falar besteiras 

me apaixonar pela leveza

de rir da gente


Não deu tempo de ser seu

de viver a história inteira 

e aquecer minha frieza 

na pele de quem sente


Pelo abismo entre nós

não deu tempo de ser mais

Já se previa o fim 

Pelo seu medo do depois

o tempo me fez incapaz 

de revelar o melhor de mim


Norhan Sumar

Eu me inflamo,
desesperadamente

me refaço pra ser seu

Mudei os planos 

Fui à praia no outono,

mas choveu


Norhan Sumar

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Certos dias
Eu me sinto fora do lugar

Sabe como?

Caminhando na direção errada

De mãos dadas com desconhecidos

Sem reconhecer mais minhas pegadas

Clima

Me intrigou a previsão do tempo
Que não anunciou o seu calor
Ignorou seu turbilhão 

nada falou da enxurrada 

que quase me carrega 


Me intrigou a previsão do tempo

Que não previu sua frente fria

Cheia de distância e névoa 

E na ausência da palavra

Quase me congela 


Me intrigou eu não prever seu tempo

Reconhecer sua inconstância 

Tal como nuvem passageira

Que molha e vai embora

Se refaz e me renega


                      Norhan Sumar