Certa vez, convidei uma idéia para entrar na sala de meus pensamentos. Antes que eu mencionasse o café, ela lhe preparou uma boa xícara e começou a arrumar tudo ao redor como lhe convinha. Parecia desconhecer as paredes do super-ego, da vergonha, dos limites e dos próprios pensamentos (acuados pela rotina que os engole).
Logo vieram novas idéias, as suas fiéis companheiras, tão boas quanto a primeira a visitar os campos outrora atrofiados do meu intelecto. E mesmo as deixando à vontade para qualquer visita, poucas são as que assim o fazem. Muitas ainda o farão, desde que as portas da imaginação estejam abertas para o trânsito tão agradável destas ilustres convidadas.
Ter nos estoques e nas despensas de nossa mente um bom alimento para estas nobres visitantes pode nos garantir a prática da crítica, da reflexão, do novo, por que não? Sem a garantia de que só as boas virão. Afinal, más visitas aparecem de vez em quando e nós precisamos saber lidar com elas, seja da forma receptiva ou não.
Pensar de maneira limítrofe a mesmice, beirando a trilha perigosa do rotineiro em excesso, não nos possibilita crescer. Pelo ao menos não em qualidade, somente em quantidade. Mas quem assegura que pensar muito seja pensar bem? Pensar para o bem.
As novas idéias, boas ou ruins, oxigenam os espaços sufocados do pensar. Não que as idéias atropeladas pelo tempo sejam dignas de esquecimento, mesmo porque o advento do novo não nos obriga a esquecer o velho. Mas que os aposentos destinados às velhas idéias sejam constantemente frequentados pela renovação.
Como diria Lya Luft: “pensar é transgredir” e permitir a entrada das idéias em nosso dia-a-dia nos faz progredir, nos possibilita uma nova visão do que nos circunda. Afinal, enxergar o mundo da mesma forma que todos pode ser mera coincidência, mas pensa-lo da mesma forma que todos é pura preguiça.
Norhan Sumar
Norhan Sumar
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