quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Dúvida


Dissonância do pensar
a distância de saber
confiar pra (des)confiar
no que não se pode ver

 A petulância de deitar
e pensar sem perceber
que o corpo quer andar
pra mente adormecer

Então muda a decisão de outrora
a dúvida é o que prevalece
frente a hora de ir embora

Paixão é que não mais aflora
pois amarga é o que fenece
se até agora eu só traguei demora

Norhan

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Eu não consigo descrever você
Ou o encontro do meu corpo ao teu
O teu olhar de dispensar palavras
A tua face se preenchendo em cor
A cada frase de contar o amor
Que só você sabe fazer nascer
Amanhecer bento de prazer
Por entre beijos de adormecer a dor
as mãos que tocam, mesmo a tremer
o mar de amar que há pouco desaguou

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Reavivar


É quando não se sabe se é terno ou visceral
E não se espera nada eterno ou anormal
Que conhecemos a saudade mais forte

É quando a gente enxerga que o amor não e carnal
E que a alma faz o encontro parecer tão natural
Que a verdade mostra que destino não é sorte

São teus olhos que me convidam a fechar os meus
E deixar que minhas mãos vejam a sua beleza nua
findar toda distância que há entre você e eu
Dar a minha vida o deleite de fazer feliz a tua

São meus versos que pretendem os sorrisos teus
Te dar o avesso a impedir que a rotina diminua
a paixão e o calor que um dia já me deu
O seu olhar me contemplando sob a luz de qualquer lua  

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sorrir e chorar


Um sorriso que lhe surge sem ser convidado, na fila do banco, no banco da praça, na pressa da agenda, sem ao menos ser percebido. Você acorda, se lembra e sorri. Levanta, lava o rosto e o espelho denuncia que estás sorrindo. Olha para a pia, a louça suja te faz lembrar, sorri. Olha para a mesa ainda posta e um suspiro te faz dar espaço ao sorriso involuntário da ternura. Caminha pensando que permanece lá a sua espera o motivo de tantos sorrisos e sorri.
De tanto sorrir, a gente chora, pois nem tudo é constância e a vida é dinâmica demais pra se alimentar somente de sorrisos. A saudade lhe acomete, você se lembra e chora. A distância te incomoda, você se lembra e chora. A rotina tarda o encontro e os olhos não conseguem frear a chegada das lágrimas. Olha para a televisão e flagra o beijo apaixonado dos protagonistas da nova história de amor e chora, sorrindo por amar também.
O amor não se define. Inunda a alma. Sorrir ou chorar é só uma questão de ponto de vista.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Impressão

 
Theodoro sempre corria por lá. E com a mesma freqüência com a qual ele corria, era observado por Vanessa. Dessa vez fazia um sol convidativo de inverno, a praia não estava muito cheia por se tratar de uma quarta feira de agosto. Estava, como sempre, trajando uma camiseta branca, daqueles tecidos que facilitam a transpiração, shorts pretos, meias cano alto e um tênis branco que parecia ter sido projetado para ele. No seu Ipod o Djavan ditava o ritmo de suas passadas. Theo, como preferia ser chamado, não gostava de músicas muito agitadas para correr.
Voltemos a Vanessa. Uma jogadora de vôlei de praia profissional, loira, e alta como o de costume nesse esporte. Havia notado Theo há algumas semanas, com sua altura que superava 1.90M, cabelos negros e formas atraentes. A concentração se perdia, as bolas chegavam á areia antes que ela pudesse impedir, para a loucura tempestiva do seu treinador. Era uma mulher muito atraente e nunca tivera problemas para conquistar o homem que lhe despertasse o desejo. Aquela seria só mais uma investida.
Ele diminuiu as passadas, parou o tempo no seu Nike SportWatch GPS e começou seu alongamento para encerrar mais uma de suas corridas matinais. Ela já sabia que ele faria isso, ele era metódico. Sentou-se em uma das mesas do quiosque e ficou observando a disposição muscular daquele homem em cada movimento que fazia. Dali, a cerca de três metros dele, ela achou que seu bíceps parecia um pouco maior e suas coxas denunciavam a sua rotina de corrida.  O corpo de Vanessa estava quente e ela já pensava naquele homem a envolvendo com a força que parecia ter e sua nuca se arrepiou seguida de um tremor que certamente não era por conta do frio.
Theo já havia percebido a presença dela. Percebera também que ela trajava a indumentária de uma atleta e seu corpo não a deixava mentir. Ela usava brincos e tinha as unhas pintadas, mesmo ainda estando suada por ter acabado de deixar a quadra de treinos. Não passou em branco aos olhos de Theo que ela havia refeito o rabo de cavalo em seus cabelos. Sentou-se e esperou que aquela linda loira seguisse com seu plano de aproximação, que estava explícito.
“Bom dia! Posso sugerir uma reidratação com reposição de eletrólitos? A julgar pelo suor, acredito que tenha corrido bastante.” Sem rodeios a mulher falou se aproximando de Theo que a observava calado.
Ele sorriu, o que a fez arrepiar novamente. Ela adorava essa sensação que precedia o sexo. “E você acha que somente água não é capaz de reidratar um atleta?” Rebateu Theo.
“Só estava disposta a te deixar melhor preparado para uma próxima rotina de exercícios que possa eventualmente acontecer.” Enquanto a mulher falava, Theo se levantou e puxou uma das cadeiras para ela. Com um gesto ela agradeceu e continuou. “À propósito, meu nome é Vanessa.”
“Theo, prazer!” Dessa vez, ele notou que o rosto da mulher estava mais vermelho que o normal e optou por poucas palavras.
A conversa continuou quase como um duelo, com investidas ofensivas da mulher cujas pernas pareciam merecer um seguro contra sinistros e respostas evasivas do atleta amador que mantinha a boa forma correndo diariamente na Zona Sul Carioca. Ela, completamente envolvida com aquele bíceps rijo cada vez que Theo passava a mão nos cabelos negros, mal percebeu que ele estava sendo somente educado e não envolvido.
“Estou esperando alguém. Marcamos aqui para almoçarmos juntos.” Falou Theo, sem parecer embaraçado com a situação.
E como só acontece nas telenovelas e contos, nesse instante duas mãos cobriram os olhos de Theo e uma voz decidida pediu para que ele adivinhasse quem era.
Agora Vanessa estava com o rosto totalmente vermelho. Sentia suas bochechas tão quentes que poderia arriscar que queimaria as mãos ao encostar em si mesma.  Não conseguiu esconder que estava trêmula quando com a mão direita pegou seu suco de abacaxi com hortelã para tomar um gole e evitar a necessidade de algum comentário.
Theo, com seus gestos calmos e atraentes, ainda arrancando suspiros e arrepios de Vanessa, se levantou e fez as honras. Ainda segurando as mãos que cobriam seus olhos há pouco, apenas encostou os lábios nos lábios do recém chegado. “Oi amor, já estava ficando preocupado.”
Olhou para Vanessa e percebeu seu desconforto. Mas como seu namorado não permitia mais que um selinho em locais públicos, para evitar os olhares curiosos que ainda insistiam em incomodar, ele continuou: “Esse é Fred, meu namorado. Essa Vanessa, uma amiga de exercícios, amor.” Esperou que os dois se cumprimentassem, com o sorriso sem dar uma folga para os músculos de seu rosto, prosseguiu: “Até mais, Vanessa. Nos vemos por aí!”

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Amiga


“A gente podia chamar o Carlos e a Tati pra irem juntos, né amor?” Ela falava com um dos pés apoiados sobre o porta-luvas e o outro sobre o banco e nem ao menos olhava para o marido. No momento da pergunta passava um menino de bermudas no calçadão que para o desgosto dela segurava uma prancha que a impedia de ter uma visão completa da silhueta atlética do rapaz.
“Pode ser.” Respondeu ele, que por sua vez segurava o volante do seu novo Pajero com a mão direita envolvendo a parte superior do mesmo enquanto apoiava o braço esquerdo na janela, que independente do ar condicionado, ele gostava de deixar aberta – seja pelo vento fresco da Zona Sul carioca, seja pela necessidade de afirmar o status e o poder de dirigir um carro como o seu.
Os dois chegaram em seu apartamento que permitia uma vista privilegiada do mar de Ipanema através das janelas de vidro que se estendiam ao longo da parte frontal de toda a sala de estar. Mas nenhum dos dois sequer olhou para o balanço discreto do mar tranqüilo daquela manhã de domingo. Ela insistiu dizendo que o Carlos e Tati eram excelentes companhias, apesar da Tati ser mal educada e o Carlos ficar a maior parte do tempo enaltecendo as milhares de virtudes dela.
“Você não acha que ela fala alto demais?” Ela mantinha o monólogo com a sensação de que o marido nem a estivesse ouvindo. Mas ele nunca ouviu mesmo. E como sempre ela continuou mesmo assim: “E o Carlos, né? Vive falando que a mulher dele é isso, é aquilo. Chega a ser chato. Não sei como ela agüenta. Ela nem me parece ser isso tudo.”
Ele geralmente não ouvia boa parte das coisas que a mulher falava. Aprendera, depois de 14 anos com ela, que seria salutar pra ele e pro casamento que um filtro fosse colocado entre seus ouvidos e os impropérios que ela costumava dizer. Mas dessa vez ele ouvira e ela esperava ansiosa pela participação do marido naquela crítica a seus melhores amigos. “Se a gente chamar os dois, vamos ter que ir num lugar barato e chinfrim, porque eles não têm dinheiro. E você vai ficar reclamando no meu ouvido depois. Certamente.”
Ela já segurava o telefone em uma das mãos quando o marido respondeu. E como também era de costume, começou a discar o número da Tati como se não tivesse ouvido o comentário dele. O celular chamou três vezes antes que uma voz respondesse, seguida de alguns sorrisos que denunciaram que a felicidade não tinha nada a ver com a ligação, mas com alguma situação que precedia a mesma.
Ela ignorou os sorrisos e foi direta, sem conseguir esconder o quanto aquela felicidade constante deles dois a incomodava. “Oi Tati, tudo bem?” E como se já soubesse a resposta, continuou antes que a própria Tati tivesse direito a ela. “Claro que sim, né? Como sempre. Hoje eu e o Thomas vamos fazer alguma coisa a noite. Pensamos em jantar naquele restaurante perto do Posto 5 em Copacabana. Eu sei que é um pouco caro, mas queria te ver, amiga. Estou com saudades. Vamos?” Ela ignorou também o que seu marido falara e chamou o casal para jantar em dos restaurantes mais caros da orla. Queria frustrar a sua amiga. Ou no mínimo explicitar a inferioridade financeira deles dois.
Tati não levava a sério essas investidas maldosas de sempre. Gostava de sua amiga há 16 anos, desde os tempos da faculdade e entendia as mazelas de uma vida que prendia sua amiga num casamento cujo retorno único e precípuo é o financeiro.
“Não posso, amiga. Estamos voltando da praia. Já viu como  mar de Ipanema está lindo hoje? Estávamos aí perto da sua casa. Só não liguei porque sei que vocês não gostam ficar na areia. Hoje o Carlos vai fazer um jantar pra nós dois. Ele quer fazer meu prato favorito e disse que eu sou só dele. Só não sei o que ele está planejando fazer depois. É mole? Mas ele comentou comigo em chamar vocês dois pra um churrasco lá em casa semana que vem. Sei que é um pouco longe, mas queria que fossem.” Tati venceu a insistência da amiga. Ouviu mais uma vez a banalização das atitudes de Carlos. E finalmente ouviu que talvez ela fosse nesse churrasco na semana seguinte. Tati lamentou pensativa a vida da amiga, que sairia pra um jantar mudo com seu marido, num restaurante caro, pra compensar as inúmeras faltas do casamento.
Desligou o celular, olhou pela janela e contemplou as ondas. “Talvez a felicidade seja mesmo relativa.” Comentou com Carlos, que dirigia de volta pra casa segurando o volante com a mão esquerda, enquanto a outra acariciava a nuca de sua mulher.

domingo, 17 de julho de 2011

Descobrir-se

 Você já buscou a solidão? Voluntariamente, já foi em busca de estar sozinho, sem que sempre tivesse alguém de teu convívio preocupado com teus passos?
A maneira como tratamos a solidão é injusta e medrosa, na imensa maioria das vezes. Solidão, por maior que seja a carga advinda do nome, não precisa ser eterna ou significar exílio, tampouco falta de companhia – essa também me assusta. Solidão pode ser uma opção momentânea, uma forma de encontrarmos conosco.
Particularmente, é sozinho que eu conheço a mim mesmo. Que consigo estudar a minha própria companhia. Discernir o que eu penso ao analisar um casal formado por um oriental de cabelos despreocupados com alinhamento e uma negra de cabelos cujas formas representam toda a sua atitude. Se sorrio ou perco a paciência quando uma criança se agacha abruptamente diante de mim pra descobrir que aprendeu a amarrar o próprio cadarço. Ou como julgaria um casal que não faz nada além de se beijar o tempo inteiro, explicitando aos olhos curiosos toda a sua paixão mútua. Sozinho eu tenho tempo de olhar para os outros e me descobrir com isso. De entender a maneira como a falta de um comentário pode ser bem mais completa do que centenas deles.
É quando estamos na companhia duvidosa da solidão que podemos descobrir o valor da nossa própria companhia.
Se nem nós mesmos conseguirmos conviver conosco, imagina quem o faz por pura necessidade.

domingo, 12 de junho de 2011

Um entre tantos


Enquanto eu conto essa estória de encanto, dor e pranto. Há de vir um “entretanto” de amor que dá ao canto por enquanto um teor de esperança...
Contar-lhes-ei um caso de querer-bem de um soldado raso que sem temer o susto, lutava pelo justo amor a sua terra. Enfrentava o entreposto, mesmo que à contragosto, servia-se de continências sem rostos e sem motivo suposto em uma guerra.
Do outro lado, sem saber da vida do soldado raso, havia um destino que trouxera uma menina chamada Carolina para os campos do acaso e do amor que nunca erra.
O soldado já cansado, num momento desatento se deixou ser baleado. Com seus olhos apagados e mais a dor do ferimento fora finalmente derrubado. Sem sequer um movimento, nem de pernas nem de braços, conseguiu se por de lado e ver o sangue derramado a se juntar ao chão gelado.
Recém acordado, com um dos olhos entreaberto, de sua morte estava certo, sem saber que sua sorte lhe fizera muito forte pra vencer osso quebrado.
O soldado, tarde levantara pra jogar água na cara, sem ter tempo ele repara que a enfermaria se ilumina, como jóia rara na presença da menina, Carolina. Trouxe em mãos os seus cuidados, nos olhos inocência, no corpo a aparência que conquista reverência e transforma apaixonados.
Os olhos se cruzaram, o coração acelerado conduzindo o contato do homem que pra ela era só mais um soldado. Ele ainda trôpego, se refez inteiro em fôlego, sem saber no que pensar, falou sem gaguejar sugerindo um jantar com a dama mais bonita que ele vira respirar. A moça então corou, aceitou sem hesitar. E foi nessa ocasião, ao sentir suar a mão, que o sorriso lhe brindou com a emoção que o amor lhe reservou. A estória começou.
Mas como em toda estória de amor, o azar afronta a sorte, de Romeu e Julieta a Dom Quixote, que no final trazem a morte pra fincar a dor no forte. O soldado já curado, novamente enviado às trincheiras do injustificável, pra enfrentar a deplorável limitação humana, envolto no medo e na mazela de morrer enquanto ama, só fazia pensar nela.
Já a menina, a bonita Carolina, apertada de saudade, conhecera a parte boa da maldade e seus bocados, mergulhara nos pecados sem temer as possibilidades. Mas a paixão não se limita à certeza, e faz do fraco fácil preza, conduzindo aos caminhos tortuosos da vontade.
Eis que o soldado, antes forte e imbatível, submerso no controverso previsível de estar mais perto do invisível que é o amor, se rendeu de novo ao inimigo, tal como no incidente antigo, porém com um tanto a mais de dor. Viu novamente o chão de perto, sem ter ao menos descoberto o que a vida lhe guardava, chorava por saber que não veria novamente aquela que amava.
Carolina conheceu o amor, a dor e o pranto. Esperara, no entanto, que as rosas desse campo lhe trouxessem só encanto e se enganou. Provou caminhos tantos de espinhos  e quebrantos presentes no sentimento que aprendeu desde menina que continuamos vivos ao morrer por dentro.
Norhan Sumar

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Regionalidade


O temperamento regionalista, inerente a minha vontade, me intriga, irrita, incomoda, estimula.
Há algum tempo como forasteiro na terra cinza, de gente fria e clima não diferente, tenho aprendido a lidar com algumas diferenças minhas e alheias:
 A introspecção das pessoas como um consenso quase geral de comportamento;
A falta de comprometimento com a educação do “bom dia”, “boa tarde” e afins;
A pouca preocupação (ou nenhuma) em ser simpático, receptivo, turístico ou amigável.
Entre outras coisas.
Detalhes que me fazem aprender a conviver comigo mesmo; mostram-me que eu tenho todos os atributos pra ser a minha melhor companhia; que a solidão não é vilã, só precisa ser administrada e compreendida; mas que em nenhum lugar do mundo encontramos somente pessoas indisponíveis às relações interpessoais, isso estimula ainda mais a percepção e receptividade de quem busca o contato.
Ainda que com consideráveis diferenças de convivência, não me sinto excluído ou renegado. Confesso que nem me incomodo com a indiferença dos nativos. Afinal, nem sempre quero conversar na fila do banco, no ponto de ônibus ou no banco da praça. Essa novidade momentânea não me desagrada. O que me surpreende é que, mesmo me achando um forasteiro atípico por entender a personalidade local, não consigo negar as minhas origens e suas peculiaridades: cresci escutando que a minha regionalidade me faz esperto por natureza, cuja verborréia é capaz de convencer ainda que retórica, que a audácia é atributo insubstituível, que a eloqüência pode ficar pra última frase do discurso, que as pessoas me achariam malandro mas gostariam disso, que as mulheres me achariam canalha mas também gostariam disso e por aí vai.
A questão é que mesmo com esforço para aderir a certos comportamentos, os traços da personalidade que representam a regionalidade são esculpidos em nós, lapidados vagarosamente até que nos tornem um representante da terra natal. E querendo ou não, carrego comigo a vontade de manter acesa essa chama de regionalismo e saudade. E certamente o clima gélido, o comportamento frio e a garoa que nos recebem por aqui não representarão sequer ameaça de apagá-la.