segunda-feira, 24 de abril de 2023

Liberdade ou solidão

Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo 
Tanto tempo se passou pra nós dois

Minha cabeça é um turbilhão de sentimentos

E eu pareço me deixar para depois


Quanta coisa eu sem querer joguei ao vento 

E quando tento entender o que acontece

Eu nunca sei ao certo o que eu tô fazendo

Mas pelo avesso ngm mais me reconhece


Me esquecer é a melhor escolha que vc tem

Porque eu sei que me ter é sofrimento 

Se puder, só lembra que já te fiz bem

E do quão mágicos foram nossos momentos


Ajusta o fio da balança e deixa pesar virtudes

Embora eu saiba que lancinam meus defeitos 

Tortuosos passos que levam à tristes atitudes 

Em gestos literais e colaterais efeitos 


Aposto que não querer ngm é minha defesa

Pra um sentimento que eu desaprendi

Ou talvez não queira que minha mente esqueça

Que o amor mais extraordinário eu já senti


Vivendo de comparações e rotas de fuga 

Hesito em atestar se o caminho tá certo

Promessas em vão, premissas escusas 

Já nem sei viver longe se não quis estar perto 


Advogo a discrição que me favoreça 

Trôpego, corro com pressa de viver

Se há apego, eu sugiro que me esqueça

Fôlego, renovo sem precisar me envolver


Eu superei dualismos graças a você

Entre o certo e o errado, uma vastidão

Não preciso saber o que vai acontecer

Se eu decido o que é liberdade e o que é solidão



Norhan 

O nosso nós dois

Meus passos em falso me trouxeram aqui
Os tropeços, os avessos e silêncios

As lágrimas que chorei e fiz chorarem

páginas que virei sem terminar de ler


Os acasos e os descasos me levaram daí

Os desapegos, os recomeços e insistências

Tão trágicas, que andei ou fiz pararem

Fórmulas de existência e mal querer 


Tem pedaços e destroços de memórias em si 

Os nossos, que às vezes aparências

Erráticas, contadas para nos distanciarem

Da órbita que puxa meu eu pra vc 


Teus traços e toques parecem feitos pra mim

Os sorrisos, os gostos e o corpo mar 

A química e o calor quando os toquem fazem

a métrica e fluem inventando prazer 


Tem tempo e tem o nosso nós dois 

Amigos, amantes e eternos 

Cínica forma de amor e amar

Reiventando regras pra subverter 


Norhan Sumar

Confusão

Eu sou confusão 
quase sempre deixo cicatrizes 

já nem sei se faço bem

ao dar afeto 

Eu sigo quieto 

porquê o que vem

depois dos momentos felizes

É solidão 


Norhan Sumar

A solidão assusta 
Faz precipitar a decisão 

de estar apaixonado

faz a vida ser busca 

incessante por outro apreço

te dá tropeços em opostos 

e faz o silêncio ser clausura 

A própria censura de si 

de achar que ali

no outro, está o seu melhor

que vale tudo o que for

se te poupar de sentir 

a dor fria de estar só 


A solidão não cega

Dissimula a nossa fala

cala a nossa crítica 

ao que nos faz sangrar 

faz doer, por te fazer

querer ficar a todo custo

onde não lhe cabe mais

e se sabe que sorrir é esforço

Pra viver em busca

de imaginar como seria

se fosse como você 

de fato deseja 

que esse encontro seja


A solidão é luta 

contra o anseio 

de ter alguém por parte

que ocupe os espaços 

nem sempre de perto 

que sempre ficam

em cada despedida

Que seja qualquer cura

ainda que mal feita

das nossas feridas 

do ego, da carne, da alma 

As vezes atalho 

porque o amor não improvisa 

nem avisa se vai demorar 



Norhan Sumar

Calor

Andam falando sobre a frieza 
dos corações e dos sentimentos

Como se fosse uma defesa 

uma espécie de contra-argumento 

que repele e nega

a entrega plena

Eu pergunto: será?

Ando cansando de toda frieza 

das relações e dos momentos 

como se tivesse perdido a sutileza 

e negasse que ando vivendo 

em busca daquele calor brega 

pra aliviar o tamanho da dor

A resposta: amar 



Norhan Sumar

Outros Cachos

Eu não quero amar outra vez
Ninguém é interessante o bastante 
ou talvez eu não seja 
E resista por saber
que aquelas nossas noites
que ninguém encerrava 
não encontrarão nova morada
Que os bares da cidade mudaram de dono 
e dizem por aí que seu coração também
Também, pudera!
Diz você…
Quem foi embora e me deixou aqui?
Eu te ouço dizer
calado, como quem assume um erro
disfarçando o desespero
de dormir e acordar procurando você
Em outras bocas, outros corpos
as vezes até outros cachos 


Norhan Sumar