Quisera eu viver nos dias do verdadeiro patriotismo. Patriotismo outrora definido como o sentimento de amor e devoção à pátria e seus símbolos. Patriotismo que nos impedia de sobrepor os interesses nacionais por concepções pífias e superficiais acerca de nações outras que nunca nos olharam com olhos de admiração.
Quisera eu viver em tempos onde orgulhar-se publicamente de ser brasileiro não acompanhasse uma necessidade intrínseca de dar explicações para tal.
Foi-se o tempo em que aclamávamos um Brasil que vai além de belezas naturais e corpos físicos, onde os músculos mascaram a verdadeira essência do intelecto.
Foi-se o tempo em que admirávamos a boa música, a boa culinária, o bom caráter e quiçá a maneira ímpar de levar a vida como um bon vivant. Tempos em que olhávamos para os filhos deste solo e os declarávamos afortunados por isso.
Sinto que já passou da hora de reavivarmos os nossos sentimentos, de renovarmos os nossos argumentos, para que nossa única e empobrecida maneira de demonstrar amor à pátria não seja apenas de quatro em quatro anos (Eleições? Não. Futebol).
Sinto que já passou da hora de pararmos de instruir os nossos filhos a abrirem o jornal para descobrirem os próximos capítulos da novela. Mas que eles abram as páginas do conhecimento para a consciência crítica de que eles é que comandam esta nação e definirão os caminhos, tortuosos ou não, que esta seguirá.
Levanta-te então, ó pátria amada! E verás que os filhos teus têm fugido à luta. Atenta-te e verás que os filhos deste solo vêm traindo a mãe gentil. Os filhos deste solo, tão filhos quanto todos nós, tem trocado os berços esplêndidos por berços de ouro, o nosso ouro.
A pátria somos nós, todos nós. E é inadmissível que tenhamos que assistir, das nossas acomodações desconfortáveis, porém nossas por direito, que o patriotismo recebe tão pouco e está tão cansado quanto o trabalhador brasileiro.
Norhan Sumar
Patriotismo cansado de Norhan Sumar é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Unported.
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