Inúmeras circunstâncias me levam a escrever. Muitos são os motivos que me fazem inquietar, inspirar, expirar, transpirar, suspirar, conspirar (não, eu não sou santo... e mesmo que fosse), e assim por diante. Tudo isso me leva a pensar e querer ser ouvido. Escrever é a forma aceitável que eu encontro de aquietar a minha mente. Escrever é a maneira mais sutil e igualmente agressiva de se expor e expor alguém. Transcrevendo pensamentos em palavras, eu os guardo em prateleiras que eu só alcanço novamente se quiser.
Segundo Paulo Coelho, “escrever é a forma socialmente aceitável de se despir em público”. E como é de se esperar sempre que você tira a roupa em público, as pessoas perguntam os motivos que te levaram àquela atitude. E quando me perguntam por que eu escrevo, como eu escrevo, para que eu escrevo ou para quem eu escrevo, eu confesso que não sei muito bem a resposta. Não sei bem se escrevo para mim ou para quem lê. Não sei muito bem se o que eu escrevo são opiniões nossas ou somente minhas. A única resposta plausível é que as minhas inquietações pedem para ser transcritas; pedem para ser organizadas de uma forma palpável, ao alcance da minha própria visita para refrescar a memória.
O fato é que: escrever é um hábito de muitos, assim como se despir. Mas nem todos se encorajam ou vêem necessidade em expor a sua nudez.
Eu quero que essa minha nudez seja vista e ouvida. Quero que minhas inquietações sejam as suas. Que minhas paixões sejam de seu conhecimento. Que minha inspiração te inspire também. Quero pensar e ser ouvido. E quero talvez, movido por uma pretensão descabida, que esse pensamento utilize as palavras para ferir ou curar o âmago do seu ser.
Escrever não deveria ser um privilégio de poucos, mas um benefício de muitos. Não penso que uma forma tão pessoal de expor o próprio pensamento tenha que ser considerada uma prática exclusiva de quem acha que tem um dom. E se você não gosta do que escreve, não se reprima. É difícil encontrar alguém que fique totalmente satisfeito ao tirar a roupa na frente de um espelho.
Portanto, tire as roupas dos seus pensamentos. Torne-se mais íntimo de si mesmo despindo os próprios anseios e receios. Deixe seu pensamento ditar as palavras como faziam as nossas primeiras professoras. Quem sabe assim, gostando ou não, você resolva expor a sua nudez às críticas.
Transcrevendo pensamentos de Norhan Sumar é licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Unported.
2 comentários:
A sua inteligencia me surpreende. JURO !
Bem por aí amigo. Ontem assistindo um DVD, decidi que nada mais me encanta, mais me acalma, me alegra, me entristece, do que ouvir uma música. E benditos sejam aqueles que fazem isso pra sobreviver! rs
Arrasou mais uma vez!
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