terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nortinamentesulino-centrosudestino

          Passada a primeira semana, superado o primeiro choro incessante após as palavras no telefone da criança amada que fora deixada para trás, visitados os primeiros e lindos lugares na companhia do mais novo amigo. Nesse breve período de novas experiências, percebi, de fato, que o que mais importa não são os lugares em que estamos ou que estão em nós, mas importa muito as pessoas que nos cercam e querem bem.
        Recém chegado em solos estranhos, como contei há pouco, ainda me esforço para adaptar ao que me parece uma cultura digna de outra nação. Sorte minha - ou não (já explico isso) tenho sido muito bem auxiliado por um nobre morador, vizinho de quarto da república que agora chamo de lar. O surpreendente é que esse morador não é curitibano. Na verdade é difícil dizer o que ele é. Nascido no Pará, vivido no Ceará, trabalhado por São Paulo, escolado no Paraná e andado por Maceió, ele é mais novo que meus vinte e três anos, mas carrega histórias tantas que fazem dos momentos vividos em sua companhia imensamente divertidos e proporcionalmente interessantes. Ademais, carrega uma generosidade intrínseca, prestatividade capaz de abrir as portas de seu quarto à um estranho e ceder a cadeira de seu nobre computador para as atualizações que vocês têm lido nos últimos dias - além de sugerir (experiência adquirida em seu blog) a maioria das mudanças estéticas e inovações que tem apresentado o "Pensou, tá falado!" nos últimos dias.
            A possível má sorte, citada no parágrafo anterior, se dá ao fato do mais novo amigo, e mais próximo de mim no momento, estar sendo consumido pelo seu espírito andarilho que o fez ser um nordestinosulista-centrosudestino, impulsionando-o para o retorno ao nordeste do Brasil. Desta vez para Fortaleza. Me parece que já perdi para distância a companhia do meu primeiro amigo feito em terras sulistas.
            Talvez, se eu me esforçar um pouco, atenuo meu egoísmo e até fique feliz por ele. Conservarei as lembranças de um cearense (escolhi o Ceará) bem humorado, amigo, companheiro, competente no trabalho (é o que dizem por aqui... mas eu acredito), cuja solicitude me permitiu tanto uma apresentação da cidade digna de guia turístico - que se perdia quase sempre, mas principalmente digna de um amigo próximo, rendendo algumas cervejas em lugares lindos (com mulheres lindas em igual proporção) como o Largo da Ordem.
               Do cearense que gosta de livros (embora seja réu confesso em não entender boa parte das palavras usadas nestes textos), contos e filmes de terror, ex-metaleiro, interessado em bons livros e filmes, solícito aos extremos, ficarão algumas recordações materializadas em doações feitas ao amigo aqui. Além disso, ficou um compromisso de devolve-lo tais utensílios daqui a um ou dois anos lá no nordeste do país. Talvez eu escreva bastante sobre a capital das tribos do sul do Brasil. Talvez eu sinta o peso da ausência do meu novo amigo. Mas talvez ele tenha surgido aqui (e na minha vida) para definir a próxima parada do bem-aventurado daqui a um ano: Fortaleza-CE. Nos vemos nas praias... Boa viagem, amigo!


1 comentários:

Paulo Henrique disse...

Sábias palavras de um aquariano sagaz. Estamos aqui para viver o que há de melhor e conhecer os detalhes mais extraordinários da humanidade e do mundo, seja nos livros e nos "muros que dividem quintais", a vida é bela.

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