Eram cachos milimetricamente moldados, um rosto com traços de menina desafiadora, cuja inteligência emanava de cada sorriso dado por ela. Ele, por sua vez, já havia notado, já conhecia seus passos de charme e seus sambas de outros carnavais. Ele não sambava tão bem, nem mesmo dotava características dignas – a seu ver - de serem lembradas por ela. Arriscou, por vezes, uma aproximação atípica, hora tímida demais, outrora demasiada indiscreta. Como é de se imaginar, nada funcionou com aquela que era dona da beleza mais instigante e intrigante vista pelo rapaz. Os anos consumiram suas adolescências e os caminhos conduziram seus passos em direções opostas.
Fotografia de Finomaxpictures |
Ele descobrira que outros sambaram melhor e antes dele, que seus passos não eram suficientemente convincentes para uma dança a dois. Ele percebeu que toda aquela sensibilidade e capacidade de entendê-la, de transcrevê-la, de senti-la, de nada adiantavam. Conheceu a maior perversidade do amor: as pessoas que aspiram por amores dolorosos e difíceis. E por ser generoso e sensível, aprendeu, e tornou-se o mais insensível dos amantes.
2 comentários:
Estou de boca aberta!! De onde vem tanta inteligência e inspiração?? Encantada...e como sempre, sem palavras...
Não canso de ler...
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