Na verdade só vim parar aqui, frente a esse "LIFEBOOK" de 1987 com sistema operacional de 1995 (cedido carinhosamente por um vizinho de quarto) após alguns tórridos minutos de duelo com o travesseiro - que de forma impressionante pareceu bem mais forte que eu - por me sentir enfraquecido pelas dúvidas, pela angústia, pela saudade da família, pela distância que me separa dos amigos, pelo cansaço de trabalhar incessantemente em algo totalmente fora da minha formação... Enfim, pelo preço que se paga por querer a distancia; por querer construir histórias pra contar em versos.
Falam de coragem comigo como se eu a tivesse. Um engano tamanho. Eu tenho vontade; algo que emana ao viver o novo, ao conhecer o novo, ao desbravar as minhas próprias fronteiras. Mas a coragem... Ah, essa ri de mim. A minha relação com a coragem é distante. Eu até posso vê-la, mas nunca a toco; tampouco a sinto perto de mim o bastante para dizer que somos íntimos.
Uma estabilidade enganosa motiva nossos planos. Depois de um diploma de ensino superior e alguns cursos técnicos em baixo do braço, vi que não quero a estabilidade de um bom salário e uma vida normal demais. Talvez eu queira essa vida daqui a alguns anos. Mas não acho justo que deixemos o ímpeto da juventude ser corrompido pela dinâmica social que suga as nossas forças e despreza a nossa capacidade de produção.
Eu parti em busca do novo e descobri que o caminho não é fácil - tal como diriam/disseram os mais velhos se eu comunicasse a minha decisão de partida. Mas os caminhos não precisam ser fáceis para serem bem vividos, aproveitados, desbravados e entre outras coisas, inesquecíveis. Eu quero alimentar a minha memória de experiencias praticadas enquanto a juventude me acompanha, enquanto a vontade ainda sobrepõe o medo. Porque eu sei que o medo vem; entra na nossa vida sem dar sinal. E quando vemos, lá está o nosso novo comandante, cauteloso, calmo, pouco errante, muito apreensivo, deveras defensivo... O medo - por vezes confundido com a sensatez ou experiência acumulada.
E por falta de palavras pra continuar explicando a minha ânsia por essa descoberta que fascina meu âmago; também por notar que este texto está se alongando e ficando um pouco desconexo, aqui encerro dizendo que coragem não significa ausência de medo, porque mesmo achando o medo um adversário pífio diante da sagacidade juvenil, continuo vendo de longe a coragem, sempre um passo a frente - rindo de mim a cada hesitação, falando de longe em tom superior: eu avisei!
Por Norhan Sumar
1 comentários:
Me indentifiquei bastante.
Sem coragem sim, Covarde Nunca!!
Quem tem consciência para ter coragem
quem tem a força de saber que existe
e no centro da própria engrenagem
inventa a contramola que resiste,
quem não vacila mesmo derrotado
quem já perdido nunca desespera
e envolto em tempestade, decepado
entre os dentes segura a primavera.
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