Descobri que sou simples; que me apego pelo simples; que me aconchego na simplicidade; que tenho hábitos simplistas; que meu desejo é simplesmente viver... Considerando a diferença discrepante entre vida e sobrevida.
Tenho usufruído, com um entusiasmo intrigante, de uma peça rara, que nem gosto de chamar de computador ou notebook. Eu o chamo pelo nome: "Matusalém". Sei lá se esse foi o primeiro laptop a ser vendido. Mas se não foi, passou bem perto disso. Ele até traz consigo uma entrada USB para conexão do meu famigerado pen drive (que eu imaginava não viver sem), mas acho que esse LIFEBOOK não gosta muito desses apetrechos inovadores que ajudaram a findar Sua Majestade. Eu cedi e estou salvando meus pensamentos em um disquete (inclusive esse).
Se é possível se encher de satisfação com isso eu não sei, apenas sei que me pego imaginando esta peça memorável na minha frente o dia inteiro. Aspirando pelo momento em que esse teclado sentirá o toque dos meus dedos a transcrever minhas idéias e vivências. E nem me deixo contaminar pela preocupação de ter de achar um computador dotado de simplicidade que ainda aceite o disquete no seu dia-a-dia (acredite, isso não é tão fácil assim... Mas se você está lendo esse pensamento agora, eu consegui).
Claro que não falo apenas disso quando cito a simplicidade. Falo de uma personalidade que o permita saciar com o que nos circunda o tempo todo: a vida; a ingenuidade de um cachorro que se aproxima sem saber se lucrará um pedaço de pão, um cafuné no cocoruto ou um safanão; a ingenuidade de alguns de nós que fazem a mesma coisa (inclusive eu); as cores ao nosso redor, que clamam por alguns momentos de atenção em vão - geralmente estamos ocupados demais pra receber a beleza do simplório; na esperança que me alimenta ao ver um adolescente dar lugar a um idoso no ônibus lotado; na vivacidade infinita das crianças; no cansaço questionável dos adultos; nos poucos amigos que falam a verdade sem medo de nos machucar (as feridas da mentira cicatrizam mais lentamente); na vaidade das mulheres, com seus perfumes, adornos, roupas, charme, penteados e uma vontade intrínseca de ser notada (não pelas mulheres, mas por nós... Saibamos apreciá-las e o discurso "as mulheres se vestem para outras mulheres" mudará imediatamente); no sorriso... Ah, o sorriso! A simplicidade enigmática trazida por ele me inunda.
E é por querer a simplicidade das coisas que acabo querendo tudo, querendo muito. Mas não quero aquele muito imensamente difícil de ter, quero aquele muito que eu encontro em você, nelas, neles, naquilo ou naquele. Quero a simplicidade imensurável que há em viver sendo o centro de minhas prioridades, despreocupado com o que esperam de mim, desde que eu seja o que eu espero, sem ferir ou atingir ninguém que não mereça. Se isso for egoísmo, sou egoísta por absorver a vida como se ela fosse passar por aqui e não mais voltar. Certamente isso não me impede de amar as pessoas e te-las ao meu redor. E pra quem acha que estou perdendo alguma coisa:
Ser simples não significa ser pouco.
Norhan Sumar
1 comentários:
E digo-lhe com toda sinceridade meu caro amigo, nunca vi nesta terra alguém com tamanho requinte em sua simplicidade.
Concordo poucas pessoas realmente são vivas, vivem... a maioria se contenta em já existir.
A simplicidade não advém do simplório, mas sim do valor que se damos as coisas, um beijo, um afago, um abraço 'fraterno'... tão simples é a vida, tão simples são as coisas findas...
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